Passados quase cinco anos desde que Cuiabá foi escolhida como uma das sedes do Mundial, com o mote da ‘Copa do Pantanal’, o que se vê na região é um verdadeiro descaso e abandono por parte do poder público. Mas não só o Pantanal deve chegar à Copa maquiado. Algumas obras inauguradas em Cuiabá já apresentam problemas gravíssimos: pontes ruindo, morro deslizando, viaduto alagando, entornos sem acabamento, incêndio na Arena Pantanal deixando órgãos fiscalizadores em alerta. Detalhe: faltam apenas 120 dias para o primeiro jogo do Mundial.
Enquanto investimentos milionários estão sendo feitos em Cuiabá e Várzea Grande, o Pantanal Mato-grossense, que é uma espécie de chamariz da Copa, ao menos aparentemente tem sido relegado pelos governantes. Prova disso é o fato de que das mais de 120 pontes de madeira existentes na MT-60, conhecida como Transpantaneira, somente 32 serão trocadas por estruturas de concreto e aço.
Ainda assim, está realidade parece estar bem distante, já que segundo a Secretaria de Estado de Turismo (Sedtur), estes trabalhos só deverão ser concluídos em janeiro de 2015, isto numa “previsão otimista”, conforme declarou o próprio titular da pasta.
Questionado pela reportagem sobre os prováveis contratempos que os turistas que se aventurarem a conhecer o Pantanal Mato-grossense irão passar em decorrência das precárias condições das pontes e estradas que dão acesso ao local, o secretário de Estado de Turismo, Jairo Pradela, limitou-se a responder que os ‘perrengues’ de fato vão acontecer.
Segundo o secretário, no entanto, “sempre os turistas visitaram o estado de Mato Grosso e foram pra Transpantaneira. Acho que depois de 30, 40 anos de existência dessa importante rodovia vamos trabalhar para que ela seja concluída. Vai dar tempo pra Copa? Não. (…) Eles (turistas) vão vir pra Copa e nós vamos ter que fazer o quê? Uma maquiagem”, assegurou Pradela.
A princípio, segundo o secretário de Turismo, o projeto existente para a região pantaneira é a troca de 32 pontes, entre o km 0 de Poconé (102 km de Cuiabá) e a região conhecida como Pixaim. Ainda de acordo com ele, as pontes de madeira serão trocadas por outras de concreto com recursos provenientes do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).
A justificativa dada pelo secretário para que essas obras não sejam concluídas antes do Mundial de futebol é de que a Sedtur não dispunha de projetos de boa qualidade. “Se tivéssemos um planejamento pré-Copa, acho que não teríamos problema nenhum. Mas estamos otimistas que esse recurso de R$ 250 milhões alocados pelo Governo do Estado vai ser colocado em prática e o Estado terá o legado que é o turismo sustentável”.
Por fim, Pradela alegou que a troca, restauração ou melhoria do restante das pontes na região da Transpantaneira compete à Secretaria de Infraestrutura e de Transporte e Pavimentação Urbana.