A estimativa é do Instituto Acende Brasil com base nos valores dos chamados Encargos do Serviço do Sistema (ESS) que é calculado a partir da intensidade de geração das térmicas devido aos custos mais elevados desta energia quando comparados aos das hidrelétricas.
Segundo os dados compilados pela entidade, até a terceira semana de janeiro, o uso das termelétricas já produziu um custo adicional de geração de energia de R$ 2,264 bilhões, o que inevitavelmente acabará tendo que ser repassado pelas distribuidoras às tarifas dos consumidores no período de reajuste anual de tarifas, que varia de acordo com cada empresa.
O repasse destes valores adicionais na tarifa de energia aparece como a principal ameaça aos planos da presidente Dilma Rousseff de manter os descontos no preço da conta de luz obtidos por meio da renovação dos contratos de concessão das geradoras, concluído no ano passado.
Além de ter de lidar com o problema que poderá pressionar a inflação em 2014, o governo estuda uma solução mais imediata para impedir que dificuldades na área de distribuição de energia.
Pelas regras atuais, as distribuidoras de energia precisam antecipar o pagamento pela energia mais cara, vislumbrando o retorno dos recursos apenas após reajustes das tarifas e em parcelas de 12 meses. O volume bilionário do custo da energia compromete a capacidade das empresas de manter as operações.
"O problema está ocorrendo porque em momento algum estimou-se que este nível de pressão sobre as tarifas de energia fossem acontecer", afirma o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.
"As regras do terceiro ciclo de revisão tarifária definidas pela Aneel no final de 2011, e que passam a ter efeito na vida das distribuidoras a partir de 2012, impuseram uma redução no caixa das distribuidoras em cerca de 30%, o que combinado com o desafio de investimento para aprimoramento de qualidade abala o fluxo de caixa das empresas."
Ontem as distribuidoras de energia intensificaram pressões ao governo em busca de uma solução para o problema. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) as distribuidoras de energia tiveram que gastar apenas em janeiro R$ 1,5 bilhão referentes a pagamentos de despachos das térmicas e aquisição, no mercado de curto prazo, de energia adicional para garantir contratos.
Na tentativa de encontrar uma solução para o problema, oito distribuidoras de energia fizeram reunião com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, para discutir possibilidade de abertura de uma linha de crédito específica para o setor.
O crédito subsidiado teria como objetivo dar liquidez às empresas com dificuldades de pagar o custo adicional de energia. Na mesa de discussões também está sendo colocada a ideia de criação de um fundo que garanta recursos imediatos às distribuidoras com problemas.
FONTE: PrimeiraHora | BRASIL ECONÔMICO