O policial branco preso e acusado nesta terça-feira (7) pelo assassinato de um homem negro em North Charleston, na Carolina do Sul, foi expulso da polícia, anunciou nesta quarta-feira (8) o prefeito desta cidade do sudeste dos Estados Unidos.
"Quero informar-lhes que o policial foi expulso [da corporação]", indicou Keith Summey, durante uma coletiva de imprensa, interrompida em várias ocasiões por gritos de algumas pessoas pedindo "justiça". "Nós não toleramos o que está errado, não importa quem [seja o autor]", acrescentou.
O policial Michael Slager disparou oito vezes contra as costas de Walter Scott, de 50 anos, que estava desarmadao e correu após ser parado em uma operação de rotina na rua.
A cena foi gravada por uma testemunha e exibida no site do "The New York Times".
O incidente ocorreu no último sábado (4). Scott foi parado em uma blitz porque um dos faróis de seu carro não funcionava. Ele e o agente teriam discutido.
O crime provocou uma série de protestos na cidade de Charleston, com manifestantes gritando "fim à violência policial".
Punição
O agente, que pode ser condenado à pena de morte, foi levado ao centro de detenção do condado de Charleston, informou a polícia.
O prefeito informou que a cidade recebeu dinheiro para comprar uma centena de câmeras individuais destinadas a equipar os policiais uniformizados. O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que o vídeo da morte de Scott é "terrivelmente difícil de ser visto", e mostra que o uso de câmeras por policiais "será positivo".
Em um comunicado, o departamento de Justiça anunciou que adotaria "as ações apropriadas à luz das provas e dos acontecimentos", indicando que o FBI também abriu uma investigação.
Nas imagens é possível observar como, depois de atirar oito vezes nas costas da vítima, o agente caminha de maneira calma até o homem, que agoniza no chão, e o algema.
Slager, de 33 anos, parece recolher do chão um dispositivo que teria caído durante a discussão e o deixa ao lado da vítima, que morreu pouco depois.
Tensões raciais
O pai da vítima, também chamado Walter, afirmou nesta quarta-feira que está devastado com a morte do filho.
"A maneira como atiraram, parecia que ele (o policial) estava tentando atirar contra um cervo (…) Nem sei se é racismo ou tem um problema mental", declarou ao canal NBC. Ele também agradeceu "a Deus que as autoridades tenham o vídeo".
Em uma entrevista coletiva na terça à noite, um irmão da vítima perguntou o que teria acontecido sem as imagens. "Se não existisse um vídeo, saberíamos a verdade? Mas agora conhecemos a verdade" disse.
Os parentes da vítima chamaram de "herói" a pessoa que filmou a cena da morte de Scott.
O incidente pode reavivar as tensões raciais nos Estados Unidos, onde a morte em agosto de 2014 de um jovem negro desarmado na cidade de Ferguson (Missouri) deflagrou uma onda de protestos contra a violência policial envolvendo minorias.
O policial de Ferguson não foi denunciado por falta de provas, mas o departamento de Justiça publicou um relatório expondo as práticas racistas da polícia e de altos funcionários municipais.
Fonte: G1