Política

“Estão com medo de perder a mamata”, diz Taques ao Circuito

Fotos: José Medeiros

A terceira rodada de entrevistas com os postulantes ao Governo de Mato Grosso, realizada pelo Circuito Mato Grosso, traz o candidato Pedro Taques (PDT). Eleito senador em 2010, Taques chega a estas eleições com uma candidatura de oposição ao Governo Silval Barbosa, gestão essa na qual Taques diz não encontrar nenhum ponto positivo. Por outro lado, ele enumera uma série de ações do atual Governo que são vistas como negativas, dentre as quais ele destaca a condução das obras da Copa. “Sempre disse que não era contra a Copa. Eu era contra a bandalheira e a falta de fiscalização. E deu no que deu”, disse o candidato em um trecho da entrevista.

Confira a íntegra: 

Circuito Mato Grosso: Na última semana, tivemos uma alteração nas candidaturas, com a saída do José Riva e a entrada de Janete Riva na disputa. Isso representa uma mudança significativa no processo eleitoral. Qual a avaliação que o senhor faz sobre a candidatura da Janete?
Pedro Taques:
Acho que nós precisamos de candidatos, ninguém quer ganhar eleição sozinho, quem desejar ser governador de Mato Grosso não escolhe adversários. Eu vejo que o problema da coligação do ‘lado de lá’ eles é que têm que decidir. Quero ter um diálogo com o cidadão, dizendo que temos melhores propostas e ir demonstrando isso a cada mato-grossense. 

CMT: O fato de haver essa troca de candidatos, bem como uma candidatura que foi barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral, a do José Marcondes ‘Muvuca’, criam instabilidade perante o eleitor?
PT:
Eu vejo assim: que a lei deve ser cumprida. Quem é ficha-suja não pode ser candidato, porque ele não é cândido, não é limpo. Candidato vem do que é limpo. E candidato que não presta contas também não pode existir, isso é uma falha da legislação brasileira. Isso pode propiciar que sejam utilizados candidatos ‘laranjas’. 

CMT: Existem candidatos ‘laranjas’ nestas eleições?
PT:
Isso o eleitor é que precisa avaliar. 

Foto: José Medeiros CMT: Sobre a campanha eleitoral na televisão, o senhor acha que tem gastado muito tempo respondendo a acusações de adversários?
PT:
Me parece que os candidatos do ‘lado de lá’ estão desesperados. Desesperados com medo de perder a ‘boquinha’, de perder a mamata e por isso começam a me atacar. Ontem houve uma decisão do Tribunal Regional Eleitoral, do juiz da propaganda eleitoral, dizendo que os candidatos estão usando métodos inescrupulosos. Quem disse foi o juiz. Isso mostra que tem candidato que não tem escrúpulo. E o juiz disse isso muito bem, usam trucagem, mentira, parte de seu programa de forma diferente para dizer que é de outro candidato, de forma sorrateira e covarde. Eles estão me atacando porque estão com medo. Eu fico imaginando o que eles vão inventar contra mim, já inventaram tanta coisa e nós estamos desmentindo, desmentindo. Para cada mentira, nós falamos mil verdades sobre eles, porque eles estão desesperados, com medo de perder a ‘boquinha’.    

CMT: Esses embates no horário eleitoral e todas essas questões envolvendo a Justiça Eleitoral enfraquecem e prejudicam o processo?
PT:
Prejudica sim, porque o eleitor quer ouvir propostas. O leitor não quer ficha-suja, nem campanha suja. O eleitor quer jogo limpo. Eu peço ao eleitor que não vote em candidato ficha-suja. Não vote em candidato que quer fazer o jogo rasteiro, jogo sujo, jogo covarde. Nós estamos mostrando nossas propostas e aí os candidatos perdem o programa para fazer baixaria. Nós estamos analisando juridicamente até a produtora que veicula o programa eleitoral desses que fazem baixaria, para que eles sejam responsabilizados também. A produtora, o marqueteiro, os que concordam com esse tipo de baixaria. E nós precisamos evitar esse tipo de baixaria nas eleições. 

CMT: Esse vídeo ao qual o senhor se refere, em que foram utilizadas montagens, foi veiculado no programa do candidato Lúdio. Existem, também, alguns vídeos que fazem parte da propaganda do Lúdio, mas que são exibidos dando a impressão de que são de outros candidatos. O senhor acha que o Lúdio se faz de bom-moço e na prática tem outra postura? 
PT
: Sim, pelo candidato do PT e do Silval. O candidato do PT fica com uma ‘conversa mole’ e fica usando desses métodos covardes, que, aliás, a Justiça já está desmascarando. Confio na Justiça Eleitoral do meu Estado. 

CMT: Sobre a as pesquisas eleitorais, qual a sua avaliação sobre os números divulgados por todos esses institutos de pesquisa?
PT
: Todas as pesquisas eleitorais revelam que nós estamos em primeiro lugar. Mas não me interessa pesquisa, respeito as pesquisas, fico contente de o eleitor nos colocar em primeiro lugar, mas nós queremos trabalhar nesses 16 dias que nos restam da eleição, para ganharmos a eleição, não interessa em quantos turnos. Quero ser governador de Mato Grosso, peço à militância, aos simpatizantes, aos voluntários, que não descansem até o dia das eleições. Porque o ‘lado de lá’ está morrendo de medo. Nós temos hoje quase 7 mil voluntários cadastrados, pessoas que querem contribuir com as transformações do Estado de Mato Grosso. Por isso, a cada dia que passa, nós estamos mais animados e ganharemos as eleições. 

CMT: A que o senhor atribui essa liderança nas pesquisas desde o início da campanha?
PT
: Desde o início e sem cair nem um ponto. Isto mostra que o eleitor está reconhecendo que temos as melhores propostas para administrar Mato Grosso. E o eleitor vê o passado, o presente e imagina o futuro daquele que será eleito. 

CMT: Diante deste cenário, o senhor confia na vitória ainda em primeiro turno?
PT:
Não me interessa em quantos turnos, eu quero ser governador de Mato Grosso. Trabalho para ser governador, não me interessa em quantos turnos. 

CMT: Sobre as declarações de que o senhor já estaria em campanha há três anos, desde que assumiu o Senador Federal e, ainda assim, estaria com dificuldades para abrir vantagem na disputa. 
PT:
A pesquisa Ibope mostrou que estou com 43% e 57% dos votos válidos. Isso é discurso de quem está perdendo a eleição. De quem está no poder há 20 anos, nunca fez nada e agora está dizendo que vai fazer.

CMT: Ainda sobre a campanha: o senhor tem recebido doações milionárias da família Maggi, o que inclusive é criticado por seus adversários. Essas doações estariam condicionadas a uma eventual composição de seu secretariado no Governo?
PT:
Primeiro eu quero ganhar a eleição. Eu nunca pensei em secretariado antes de ganhar a eleição. Temos 16, 17 dias para chegarmos até as eleições e vamos trabalhar muito nesses dias para vencer, aí vamos pensar nisso. Agora, é engraçado o candidato do PT criticar isso, mas a família Maggi também doou para a Dilma na eleição passada e a direção nacional do PT repassou dinheiro para Mato Grosso. Quer dizer, pra Dilma pode e pra mim não pode.  

CMT: Falando sobre uma eventual gestão liderada por Pedro Taques, quais as principais ações serão adotadas?
PT:
A primeira ação é buscar resolver o problema da saúde, mas a população tem que ter o entendimento de que isso não pode ser feito do dia para a noite. Precisamos fortalecer o Programa Saúde da Família, dar mais dinheiro e cooperar mais com os municípios com a atenção básica e atenção primária e iniciar a construção de um hospital público com, no mínimo, 350 leitos aqui em Cuiabá, a R$ 1,5 mil o m²; 15 mil m²; R$ 45 milhões. 

CMT: Além da saúde, existem outras prioridades? 
PT:
Mato Grosso é um estado muito violento, nós precisamos chamar os concursados de várias polícias, que estão no cadastro de reserva, para que venham somar contra a criminalidade. Fazer concursos para a polícia e trabalhar para que tenhamos, no médio prazo, uma escola que acabe com os analfabetos. Quero dizer ao cidadão mato-grossense que, diferente do atual Governo, nós não entregaremos a Secretaria de Educação para um partido político. O PT acabou com a educação do Estado de Mato Grosso, em quatro anos, nós caímos oito posições, é uma vergonha a forma de administrar a Secretaria de Educação que é do candidato do PT, é a mesma forma que ele deseja. 

Foto: Josè Medeiros

CMT: Caso eleito, o senhor teme receber uma ‘herança maldita’ no que diz respeito às obras da Copa? Obras que não terminaram a tempo, que apresentam falhas, um VLT que não se tem certeza de quando será concluído…

PT: Tenho certeza que as obras têm falhas. Aliás, eu como senador, desde 2011 iniciei a fiscalização das obras da Copa. Fui o único senador, o único parlamentar que oficiou ao Crea, às universidades, fomos até o governador para que tivesse fiscalização e fui muito criticado por isso, por ser contra a Copa. Eu sempre dizia: não sou contra a Copa, sou contra a bandalheira, a falta de fiscalização. E o resultado está aí, o Viaduto da Sefaz pode cair na cabeça de quem passa por baixo, a Trincheira do Santa Rosa interditada, o VLT uma farsa e o candidato do PT, na eleição de 2012, apareceu no programa eleitoral contando mentiras, é só entrar no YouTube e ver os programas eleitorais, contando mentiras, dizendo sobre o VLT e agora a maior demonstração está aí, a total incompetência do Governo que ele representa. 

CMT: E quanto às declarações de que o senhor estaria torcendo para uma obra da Copa cair e fazer terrorismo eleitoral com isso?
PT:
Esses são os derrotados, né? São aqueles que estão com medo de perder a ‘boquinha’ e falam isso. Para esses eu só digo que o que eles dizem não me interessa. Eu quero conversar com o cidadão eleitor. 

CMT: Candidato, a gente observa que nos últimos anos adotou-se um sistema de terceirização de serviços. Foi assim na saúde, tentaram fazer com o Cepromat. O senhor acredita que a terceirização seja uma saída para amenizar os problemas do Estado?
PT:
O Tribunal de Contas do Estado tem um relatório sobre essa terceirização. É possível a terceirização em determinados setores, mas não como vem sendo feito pela Governo do Estado, principalmente concurso público, as pessoas serem admitidas através da porta de ouro do concurso, ter estabilidade. O Cepromat é muito importante para o Estado de Mato Grosso, nós não o entregaremos para partidos políticos, para quem não conhece. O Cepromat tem que ser administrado por técnicos. Quem sabe, elevar o Cepromat a status de secretaria, para que possamos ter conhecimento, tecnologia e inovação, nos auxiliando com um serviço tão importante quanto é o do Cepromat. 

CMT: Sobre a atual gestão, a do governador Silval Barbosa, existe um ponto que o senhor destacaria como positivo?
PT:
O eleitor vai ter que dizer isto no dia das eleições. Eu busco, busco, busco e não encontro. Aí, o eleitor vai julgar isso. 

CMT: E qual seria o maior erro?
PT:
Não concretizar políticas públicas. Não cuidar da saúde, não melhorar a educação de Mato Grosso, permitir que pessoas morram por falta de segurança pública. Agora, o pior disso foi o descaso com a educação, culpa do PT, que administra a Secretaria de Educação deste Estado e que tem um candidato nesta eleição. 

CMT: Esta semana, foi noticiado na imprensa que Mato Grosso poderá ficar inadimplente junto à União, já que termina no fim deste mês o prazo permitido pelo Ministério da Previdência Social para que o Executivo obtenha o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), documento este que depende da aprovação do MT Prev. Como o senhor avalia essa questão, o que existe no seu Plano de Governo em relação ao programa previdenciário do Estado?
PT:
O projeto de lei está sendo discutido na Assembleia Legislativa e o próximo governador – e se for pela vontade de Deus e do povo de Mato Grosso, eu serei o governador – temos que chamar ao debate isso, chamar todas as categorias, garantindo o direito adquirido daqueles que já contribuíram com a Previdência e criando um espaço para esses novos, mas discutindo com esses novos.  

CMT: O senhor comentou que já estamos na reta final e que ainda irá trabalhar bastante. Qual será o tom da campanha nesses últimos dias?
PT:
A minha campanha será da mesma forma, pontuando as minhas propostas e me defendendo. Eu tenho o direito constitucional de me defender contra mentiras, calúnias, difamações. O leitor sabe disso, vou continuar apresentando propostas, mas fico imaginando o que mais vão inventar contra mim. Que eu matei Joana D’Arc, que eu fui culpado pela morte de mato-grossenses no início do século XX, não sei o que vão inventar sobre mim, mas para cada mentira falaremos mil verdades. 

CMT: Pode haver uma mudança radical no cenário eleitoral de Mato Grosso nos próximos dias?
PT
: Da minha parte não. Vamos continuar andando, fazendo arrastões, caminhadas, conversando com o eleitor no comércio, nos bairros mais simples, para mostrar que temos as melhores propostas.

CMT: Em relação aos debates, o senhor irá comparecer aos que estão por vir?
PT:
Sim, eu compareci aos debates, não fui a um debate porque achei que não deveria ir. Aliás, a Dilma também não foi em um, não foi a uma entrevista e eu não vi o candidato do PT dizendo que ela é fujona. 

CMT: Existem ‘dois pesos e duas medidas’ nas declarações que o Lúdio faz contra o senhor?
PT:
Existe covardia, né? Covardia e falta de coerência. 

CMT: E por que o eleitor deve depositar seu voto de confiança no número 12?
PT:
Porque temos as melhores propostas. Queremos um Estado mais transparente, em que exista diálogo com o cidadão. Uma conversa com associações, sindicatos. Quero ser governador e não imperador do Estado de Mato Grosso. Quero um Estado mais justo, em que nenhum mato-grossense, nenhuma região, nenhum município será excluído, abandonado ou deixado para trás. Desejo um Estado mais honesto, onde não se roube, não se deixe roubar e prenda aquele que rouba o dinheiro público. Defendo um Estado mais eficiente, onde a Sema funcione, a Sefaz não seja um estorvo para atrapalhar a vida de quem quer produzir, defendo uma educação de qualidade, uma saúde que traga dignidade, por isso quero ser governador de Mato Grosso.
 
 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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