Quase R$ 70 milhões a menos pode ser o impacto financeiro na arrecadação do estado se a greve dos caminhoneiros se prolongar até a próxima quarta-feira (30). A informação é do secretário de Fazenda Rogério Gallo, que atendeu a imprensa após reunião do Comitê de Crise do governo, na manhã desta segunda-feira (28).
O secretário destacou que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço (ICMS) é a principal fonte de arrecadação do estado, responsável por R$10 bilhões do total de cerca de R$16 bilhões arrecadados anualmente, e que, com a paralisação das atividades em todo o Estado, em decorrência da greve dos caminhoneiros, a economia deverá sofrer o impacto.
Mesmo que o comércio continue de porta abertas, atuando com o estoque de produtos na comercialização, o impacto na economia é sentido pela ausência de reposição. “Nós ainda estamos estimando, mas, inicialmente, imaginamos que só na área do comércio seja algo em torno de R$ 7 ou R$ 8 milhões por dia de arrecadação de ICMS”, ponderou Gallo. Isso porque o sistema de tributação aplicado em Mato Grosso taxa os produtos no momento da entrada da mercadoria.
“Nós não sentimos ainda a queda na arrecadação. Isso pode ocorrer para o mês que vem. Ainda estamos vendo esse comportamento agora, mas se não está entrando, se está tudo paralisado, nós, no final do mês, vamos sentir as consequências dessa paralisação”, disse Gallo.
Segundo o secretário, ao se considerar uma paralisação de 10 dias, a qual pode atingir a greve atual, considerando que o movimento já se encontra no oitavo dia, isso significaria ao menos R$ 70 milhões a menos na arrecadação. “Isso é quase 70% do que gastamos com o custeio da máquina pública”, afirmou.
Em razão do alerta, o governo deve continuar monitorando a arrecadação do estado até o dia 9 de junho para verificar os reais impactos dos últimos dias. Caso o rombo seja confirmado, uma das medidas a serem adotadas pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) é a solicitação junto ao Governo Federal para a suspensão da dívida dos estados com a União, que, no caso de Mato Grosso, é de R$ 75 milhões.
“A gente sabe que tem dificuldades em relação a essa proposta, porque são cláusulas contratuais que devem ser observadas, mas é um momento de excepcionalidade. Então isso, no limite, vai ser proposto ao Governo Federal e esperamos que isso seja acolhido, caso essa greve se prolongue”, finalizou.
Greve em MT
O movimento nacional dos caminhoneiros já chega ao nono dia e traz diversas consequências em todo o estado. No interior de Mato Grosso há registros de municípios que ficaram sem combustíveis desde sexta-feira (25). Ao longo dos dias, foi necessário que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) fizesse a escolta de caminhões-tanque até algumas cidades.
Na Capital, também foi necessário a escolta de caminhões com combustível. Nesta segunda-feira, cerca de 20 caminhões reabasteceram alguns dos postos locais. Ainda assim, a fila para atendimento chegou a levar duas horas em algumas regiões.