Cláudia relatou que foi obrigada a assinar, no último dia 8, um termo de responsabilidade de próprio punho para que a filha pudesse frequentar as aulas de educação física. No dia 12, recebeu um comunicado da escola para que providenciasse um documento médico com autorização para as atividades esportivas, já que a menina apresentava "comportamento ofegante, chamando a atenção por ser fora do normal".
Dias depois a mãe levou à escola um laudo assinado por um profissional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde a garota é acompanhada mensalmente. No laudo, o médico escreveu que a "paciente não apresenta contraindicação para atividades escolares, mas tem limitações temporárias para atividades físicas até o controle da pressão arterial".
Foco no bem-estar
Em nota da assessoria de imprensa, a Secretaria da Educação informou que as ações da direção tiveram como foco o bem-estar da estudante. "Como a aluna apresentava dificuldades no desenvolvimento de atividades físicas, a escola indicou que a mãe a encaminhasse para avaliação médica a fim de verificar as suas condições de saúde. A escola acatou a orientação médica, a adolescente não frequenta mais as aulas de educação física e a equipe gestora continua a acompanhar a estudante e sua família."
Em entrevista ao G1, a mãe da jovem obesa afirmou que a garota é alvo constante de ofensas em razão do volume de gordura corporal, fato que estaria prejudicando o tratamento. "Os outros alunos a chamam de 'gorda', 'baleia' e dizem que ela não 'vai passar na porta do ônibus', mas o que mais me incomoda é o fato de o próprio diretor da instituição me orientar a retirá-la da escola. Sei que ela chama atenção por ser grande, mas minha filha não é nenhum 'monstro'. É uma criança como qualquer outra", relatou a mãe.
De acordo com a vendedora, o diretor da escola a orientou a retirar a garota da escola quando ela foi levar o laudo médico. "Antes tinha me reunido com o diretor e pedi para ele conversar com os alunos e fazer uma campanha de conscientização na escola para falar que existem pessoas magras, gordas, negras e brancas. No entanto, dias depois ela foi novamente ofendida", disse Cláudia.
A prática de bullying se agravou no início deste mês, de acordo com a mãe. A irmã da adolescente obesa, que frequenta a mesma escola, chegou a ser suspensa por um dia após estapear um garoto que acabara de chamá-la de "gorda". "Foi a segunda vez que o menino ofendeu a minha irmã, por isso não aguentei. Sei que não é o correto bater e nunca tinha feito isso, mas também não é justo ofendê-la daquela maneira", relatou a irmã, que tem 13 anos.Sobre o bullying, a Secretaria da Educação informou que a escola mantém, não apenas para este caso, ações de combate desenvolvidas com todos os alunos e orientações sobre respeito mútuo entre colegas. A pasta informou ainda que está prevista uma reunião com a mãe da estudante.
Problema de saúde
Cláudia contou que a filha toma corticoides desde os 4 anos porque sofre com bronquite. Ela relatou ainda que a menina sempre fez acompanhamento médico por causa do peso e que a estudante está na fila para fazer cirurgia bariátrica, porém o procedimento será autorizado apenas quando ela completar 16 anos. "Sou de família humilde e não tenho condições de pagar um tratamento caro para minha filha. Mensalmente faço o acompanhamento na Unicamp, mas nos 10 meses ela engordou 23 quilos. Tento segurar a alimentação e fazer tudo direitinho, mas não tem resultado", afirmou.
De acordo com a vendedora, a garota fez inúmeros exames para descobrir as causas da obesidade, mas até o momento não houve justificativa. "Sempre corri atrás e pelos meus filhos faço tudo, mas não sei mais a quem recorrer. O tratamento médico não está resolvendo e agora tem a questão do bullying na escola para atrapalhar mais ainda", desabafou.
G1