Cidades

Escolas apostam na interação com famílias para motivar alunos e diminuir distanciamento

Em tempos de pandemia, as Escolas Estaduais de Educação Especial criaram estratégias para trabalhar as atividades pedagógicas durante o isolamento social. Para isso, os professores entram em contato com os pais para informar sobre as atividades online. As famílias sem acesso à internet também são contempladas, pois as escolas desenvolveram apostilas. Com isso, as equipes gestoras garantem uma interação entre os alunos, pais e escola.

Em comum, as escolas buscam atender à ansiedade dos alunos que vivem uma realidade atípica, pois estavam acostumados a conviver em grupo com os colegas. Para diminuir essa aflição, equipes gestoras e professores buscam atividades em grupo dentro da família e não economizam a tecnologia – produzem vídeos de atividades e os alunos também gravam mostrando o que fazem em casa com pais e irmãos. Os vídeos são compartilhados em grupos de WhatsApp de pais e alunos.

Na EE Raio de Sol, em Cuiabá, a coordenadora pedagógica Valdite Heinsen, destaca que, no início, os professores ficaram um pouco apreensivos e com muitas dúvidas sobre como poderiam estar próximos dos alunos no momento de distanciamento social. 

“Encaramos o desafio e nos reinventamos como escola de educação especial, pois a maioria de nossos estudantes são comprometidos fisicamente, então a maior preocupação era como poderiam desenvolver as atividades em casa”, assinala a coordenadora.

Como nem todos os estudantes têm acesso à internet, a escola confeccionou apostilas com atividades pedagógicas com sequência didática, de acordo com o nível de desenvolvimento acadêmico dos estudantes. O material foi impresso e entregue nas casas com orientação aos pais em como ajudar seus filhos nas atividades e assim estamos tendo alguns resultados positivos. O retorno é feito com fotos e vídeos da realização das mesmas.

Alguns professores desenvolvem videoaulas e enviam diretamente pelo WhatsApp e em um canal no Youtube, onde as aulas são postadas e ficam disponíveis aos estudantes para assistir quando e quantas vezes quiserem.

A professora Geovana Aparecida do projeto Educarte explica que, diante do planejamento mensal proposto e aprovado pela coordenação escolar trabalha artes cênicas, otimizando os trabalhos com a musicalização, interpretação e dramatização através de vídeo e envolvendo os alunos por meio de grupos de WhatsApp.

“Para o maior envolvimento dos alunos e família, trabalhamos com um canal no youtube. Assim, o resultado das atividades propostas é mais que satisfatório, pois os alunos ficaram entusiasmados, demonstraram muita alegria”, destaca.

A professora Eliane Márcia desenvolve as atividades e as envia para a escola que, por sua vez, as transmite para os pais. São conteúdos para serem desenvolvidos com a família onde os pais orientam os filhos. Havendo dificuldades, os pais podem entram em contato via WhatsApp.

“Essas atividades são importantes porque o aluno percebe que tem alguém preocupado com ele e, por isso, não está deixando de fazer as atividades. Embora não seja uma aula presencial, ao menos estamos chegando até a casa dele, mesmo que seja pela internet”, comemora a professora.

Solange Maria atua com artes cênicas na mesma escola e com a participação dos alunos e acompanhamento dos pais, desenvolve atividades envolvendo música e teatro. “Para isso, temos vídeos e áudios mostrando o envolvimento postado por eles. Os alunos sentem o quanto são importantes por terem essa oportunidade de participação”, salienta.

A professora Célia Martins, por sua vez, trabalha com apostilas e de forma interdisciplinar. Dessa forma, acredita que pode atender melhor as especificidades e habilidades de seus alunos que são diferenciadas. Alguns pais buscam o material na escola conforme agendamento.

Luz do Saber

A diretora Jane Ignotti medindo a temperatura de uma mãe durante entregue do kit alimentação escolar
Créditos: Divulgação

 

Na Escola Luz do Saber, em Várzea Grande, a diretora Jane Cristina Ignotti montou um plano estratégico em conjunto com a Comunidade Escolar. A coordenadora Rosinei sugere atividades para os vídeos, que os professores têm gravado para as famílias que realizam um ótimo retorno, fazendo as atividades com os alunos.

“Uma das mães nos surpreendeu, pois envolveu toda a família em atividades. É um aluno cadeirante que tem feito várias atividades que foram mostradas em vídeos. Os pais estão animados e nós ficamos muito felizes com os resultados”, comemora.

Outro exemplo de participação familiar é de uma aluna com síndrome de Down que faz todas atividades com a irmã com a família registrando tudo.

Como complemento, os professores produziram um kit de material pedagógico contendo o barbante, tesourinha, cola, massa de modelar, lápis de cor, durex colorido, para ajudar na realização de algumas atividades, que é entregue junto com a apostila.

Livre Aprender

A diretora da EE Livre Aprender, Fátima Rosana Farias
Créditos: Divulgação

 

A Escola Livre Aprender é também uma das especializadas que não mede esforços para atender pais e alunos nas aulas remotas. Com foco na relação entre alunos e família, a coordenadora pedagógica Márcia Aparecida da Cunha assinala que as aulas online são destaque com a gravação de videoaulas que são postadas na internet para as famílias. Como apoio, existe o grupo de WhatsApp dos pais e professores. Em cada vídeo, os professores pedem uma tarefa para as famílias realizarem com os filhos.

“Após a realização das atividades, os pais postam vídeo, fotos ou relato através de áudio de como realizaram os exercícios, as atividades, o que foi pedido”, destaca.

Para uma interação maior, a diretora Fátima Rosana Farias realiza lives com a equipe multifuncional e pais dos alunos para tirarem dúvidas, saber se estão acompanhando as atividades. “A resposta das famílias está sendo boa. Enfim, não estamos medindo esforços para essa interação entre escolas e família”, frisa.

Ceaada

a eqiupe gestora do CEAADA preparando atividades para os alunos.
Créditos: Divulgação

 

No Centro Estadual de Atendimento e Apoio ao Deficiente Auditivo (Ceaada), os trabalhos também obedecem a mesma dinâmica com grupos de WhatsApp e vídeos postados pelos pais, numa interação entre aluno e professor. Assim, as atividades são socializadas com todos os colegas e familiares. Neste ano, o Ceaada tem educação infantil, além das séries iniciais do ensino fundamental.

“Temos o Projeto Outono para alunos surdos e cego, que além da surdez e baixa visão, tem outro comprometimento. São alunos do 6º ao 9º ano e Educação de Jovens e Adultos. São vários projetos, um para cada especificidade de aluno, incluindo o de reforço dos estudos”, destaca a diretora Gláucia Inez Paes de Barros.

Para os pais sem acesso à internet, os materiais impressos estão à disposição. Mesmo aqueles que só tem acesso pelo celular, compartilham vídeos e tem contato direto com os professores. Dentro do grupo de mensagens, várias atividades são postadas e compartilhadas, inclusive na plataforma Aprendizagem Conectada para que todas as escolas da rede estadual tenham acesso.

CHP

Uma das primeiras ações do Centro de Habilitação Profissional (CHP) Célia Rodrigues Duque, foi criar um grupo de WhatsApp de cada turma, composto de pais/responsáveis, estudantes, professores da turma e direcionamento da coordenadora pedagógica. O objetivo do grupo foi, inicialmente, orientar em relação aos cuidados e prevenção ao coronavírus aos pais e estudantes de forma online. O grupo serviu para elaborar atividades, vídeoaulas.

“É uma forma de superar o distanciamento dos estudantes na tentativa de resguardar o direito de aprendizagem. Com adesão da nova forma de comunicação e aprendizagem, também foi criado o Canal do Youtube como mais um meio de interação entre a escola e comunidade escolar”, ressalta a coordenadora Cristiane dos Reis Moraes.

A secretária Solange, a diretora Elizabete e a coordenadora pedagógica Cristiane
Créditos: Divulgação

 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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