A era Eduardo Baptista no Palmeiras teve início nesta quinta-feira, dia 5 de janeiro de 2017. Na Academia de Futebol, o treinador foi apresentado pelo presidente Maurício Galiotte, de quem recebeu as boas-vindas e ainda foi presenteado com um livro sobre a história do Verdão. Otimismo não falta ao comandante.
– Em 2016, o Palmeiras tinha esperança de ser campeão. Neste ano, tem a certeza de que será campeão, até pelos atletas que estão sendo contratados. Por toda sua grandeza, sua estrutura, o Palmeiras entra muito forte para buscar o título. Não podemos esquecer do Paulista. São oito anos que o Palmeiras não ganha – respondeu, ao ser questionado sobre Libertadores da América e Mundial de Clubes.
– É uma cobrança. Não vou dizer obrigação, porque há outros times com condição também. Por todo o elenco que gira em torno, é uma pressão para ser campeão. Vamos trabalhar para que isso aconteça. Posso prometer muito trabalho – amenizou Eduardo mais adiante.
Aos 46 anos, Eduardo assume o Palmeiras com o desafio de substituir Cuca e comandar o atual campeão brasileiro na disputa da Taça Libertadores da América. Com passagens por Sport, Fluminense e Ponte Preta, o treinador terá sua primeira oportunidade em um grande clube do futebol paulista.
– É uma honra estar no Palmeiras, dirigir um time com um estádio fantástico, uma torcida empolgante. Já fui adversário e sei o peso disso. Estou impressionado com o que eu vi aqui (sobre o Centro de Excelência que está sendo inaugurado na Academia) – disse.
– Eu me sinto muito preparado. O que me dá mais certeza desse meu sentimento é que o Palmeiras, com essa estrutura, me escolheu. Não foi ao acaso. Estou aqui porque o Palmeiras acredita que eu esteja preparado. Estou preparado hoje, amanhã não. Tenho de estudar. Eu me preparei muito para falar da parte técnica da maneira mais simples possível – completou o treinador, que tem contrato válido até dezembro.
Para 2017, a nova comissão técnica já conta com seis reforços: o atacante Keno (ex-Santa Cruz), e os meias Michel Bastos (ex-São Paulo), Hyoran (ex-Chapecoense), Raphael Veiga (ex-Coritiba) e Alejandro Guerra (ex-Atlético Nacional). O volante Felipe Melo (ex-Internazionale) ainda não foi anunciado, mas já tem tudo acertado com o Verdão.
O elenco do Palmeiras se reapresenta na Academia de Futebol na próxima terça-feira, dia 10 de janeiro. O primeiro jogo oficial da equipe de Eduardo Baptista na temporada de 2017 será contra o Botafogo de Ribeirão Preto, dia 5 de fevereiro, na arena, pela primeira rodada do Paulistão. Antes disso, o Verdão terá amistoso contra Chapecoense, na Arena Condá, no dia 21 de janeiro.
Veja outros trechos da entrevista de Eduardo Baptista:
COMO CONTOU AO PAI, NELSINHO
– Foi muito inusitado como aconteceu. Tinha proposta em mãos de um time de fora e de outra equipe. Estávamos analisando, em início de conversa, quando liga o Palmeiras. O Alexandre (Mattos) me ligou, perguntou minha situação. Eu tinha contrato, mas promessa de sair para uma equipe grande.
– Ele me perguntou se eu achava que o Palmeiras era grande, eu respondi "demais". Que hora preciso estar aí? É o grande desafio da minha vida. Foi um prazer. Agora, com jogadores, torcida, isso me deixou feliz. Quando passei ao meu pai, que é meu confidente, ele ficou muito feliz. Ser escolhido pelo campeão brasileiro é sinal de que fez coisas boas. Ele está muito orgulhoso.
MAIOR PRESSÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO
– Uma comparação que não posso fazer. A pressão é grande. Mas o treinador tem que estar preparado, alheio a tudo isso, focado no campo. Uma relação muito estreita. Com resultados bons, a pressão diminui, mas não acaba. Sempre vou me preocupar com soluções táticas e técnicas.
O POLÊMICO MICHEL BASTOS
– O comando tem que ser justo. Acredito que a justiça é fundamental. Se o atleta vir no comando conhecimento, trabalho, dia a dia, se sentir que o comando coloca em campo aqueles no melhor momento, isso já se faz para eles acreditarem. O que procuro ser em todas as equipes é ser o mais justo possível.
ELENCO DO PALMEIRAS
– Conversei com alguns jogadores, trabalhei com alguns, e todos foram unânimes ao dizer que é um grupo de caráter, disciplinado. Em grupos assim, esse problema não existe.
– Talvez essa seja uma das principais armas que o Cuca teve: um time extremamente aguerrido, que pressiona a bola. A agressividade de marcar em cima foi a mesma em casa e fora. Mesmo em alguns jogos em que não estavam tecnicamente bem, e é natural que um dia isso não aconteça, eles superaram com briga.
PAPO COM CUCA
– O Cuca foi muito solícito, me deu o panorama dos jogadores, informações boas, o dia a dia, algumas coisas que tecnicamente são importantes. Foi muito bom, fiquei bastante contente com o contato que tive com ele. Sempre muito agradecido.
PROPOSTA TÁTICA
– Na Ponte ficamos reféns do meia, tinha de atrair um pouco mais o adversário para ter uma transição rápida. O conceito era diferente, muito em razão disso. Pego o Palmeiras com meias e volantes que jogam. No Fluminense, quando eu cheguei usei o Cícero como segundo homem de meio. Ele propõe o jogo.
– Vou dar preferência ao jogo. Lógico que a marcação é importante, temos que ter agressividade, mas gosto de homens de meio, não falo volantes. Tem que marcar, mas principalmente jogar, oferecer espaço. No Palmeiras, tenho muito do que tinha no Sport e muito do que tinha na Ponte. É escolher a melhor forma. O Cuca já vinha com um conceito, eu vou agregar coisas boas.
SOBRE DUDU
– O Dudu é versátil, moderno. Joga como extrema pelo lado, como meia pelo lado, centralizado. Acabou bem fazendo função pelo lado. No começo de trabalho, acredito ser importante manter o posicionamento. Usar cada um na sua função. Com o tempo, com os jogadores me conhecendo, ir fazendo algumas adaptações. Vejo o Dudu como terceiro homem de meio.
SOBRE GUERRA
– O Guerra surpreende a cada jogo. No Mundial, ele aparece como falso 9. Joga fazendo a ponta do triângulo, como segundo volante. É jogador versátil. De início, ele vai jogar onde está mais adaptado, como terceiro homem de meio. Como meia com a bola e volante sem a bola. Mas você pode usar em diversas funções. É jogador versátil.
SOBRE JEAN
– O Jean jogou muito como lateral-direito. Se ele falar que é lateral-direito, ele briga por um lugar na seleção brasileira, porque foi considerado um dos melhores do campeonato. Só que faz bem a função de volante também, tem chegada boa na área, faz gols. Sabe o momento de dar diagonal, arremata bem por trás. Também é peça importante, como o Tchê Tchê.
CHEGADA DE FELIPE MELO
– Temos que esperar a diretoria resolver. Depois que acertar, a gente bate um papo sobre ele.
GABRIEL JESUS
– O Gabriel Jesus teve um papel importante no título brasileiro, tem um papel importante na Seleção. Falar em suprir é complicado. Despontou como um vulcão. O Palmeiras tem um elenco muito qualificado, com atacantes que podem jogar aberto, por dentro. A priori, vamos observar. Se vai contratar, temos tratado internamente. A diretoria tem sido cirúrgica.
Fonte: G1