Esportes

Duas décadas depois, Zico tem nova missão: desenvolver futebol na Índia

 
– Quando fui para o Japão, não fui com o objetivo de ser campeão, e sim levar a eles a cultura do futebol profissional para eles. É claro que isso leva tempo. Nada acontece da noite para o dia. Mas é um início. Espero que na Índia seja a mesma coisa. Fui para o Japão com o objetivo de formar jogadores japoneses, e isso aconteceu. Pelo meu lado profissional, conquistei tudo que podia conquistar. Não mudaria nada na minha vida mais um título. Meu orgulho foi poder ter participado de um processo tão importante como o desenvolvimento do futebol no Japão. Aparecem coisas inesperadas. Estava aqui curtindo os meus netos, e apareceu essa situação. Gosto de novos desafios e novas culturas  – disse o Galinho, nesta segunda, na entrevista coletiva no CFZ, no Rio de Janeiro.
 
Em busca da popularização no país, o futebol indiano fez uma parceria com a IMG, uma multinacional inglesa que investe, entre outras coisas, em esportes. A inspiração vem de ligas americanas como a MLS (futebol) e NBA (basquete), onde os clubes são franquias. Daí surgiu a ideia de criar a Indian Super League (ISL).
 
As regras são as seguintes: serão oito clubes (cada um representa uma região do país). Todos devem ter sete estrangeiros, um treinador conhecido e uma "estrela" do futebol mundial. A competição começa em outubro, com todos times se enfrentando em um turno único. O torneio, que terá semifinais e final, vai até o 22 de dezembro. O francês Robert Pires deve ser o principal jogador do time de Zico.
 
Nesta segunda, Zico lembrou a experiência no Japão com carinho e comparou com o atual momento do futebol indiano. Para ele, os japoneses se esforçaram e hoje são uma potência do futebol asiático. O ex-jogador, no entanto, acredita que é preciso adequar a cultura da Índia à do esporte, caso o país realmente busque um desenvolvimento a médio prazo, e citou o mundo árabe como um modelo que não funciona.
 
– O trabalho feito no Japão mexeu muito com o futebol asiático. Mas é lógico que ninguém faz nada sozinho. Fui um dos que acreditou. Conto com essa experiência . Mas as culturas dos países são muito diferentes. É preciso adaptar a cultura do país para a cultura do futebol. Não adianta ter os melhores jogadores no país, como faz o Catar, e não mudar a cultura do país em relação ao futebol. É preciso treinar em tempo integral, intensamente, mudar a alimentação, tem o lance de religião. Tudo influencia.
 
Apesar do pouco tempo de contrato (três meses), Zico aposta em vida longa na Índia.
 
– Tudo vai depender do sucesso da liga. É claro que três meses não é o ideal. Mas primeiro é preciso ver a aceitação do país. Por mim, se tudo der certo, pretendo ficar mais tempo por lá.
 
Em Vasco da Gama, estado onde vai morar na Índia, Zico encontrará um lugar agradável, segundo informações que recebeu. A cidade é de veraneio e turística, e a estrutura do clube é boa. Coincidentemente, enquanto falava com a imprensa, o Vasco treinava em um dos campos de seu centro de treinamento, no CFZ. Ídolo do Flamengo, brincou com a situação.
 
– Para mim, é uma inspiração. O Vasco para mim é um grande adversário. Se o clube não tivesse a grandeza que tem, eu não teria o mesmo sucesso por ter enfrentado um adversário desse nível. Vamos fazer uma troca. Como o Vasco está treinando aqui, eu vou treinar lá na cidade deles.
 
A Indian Super League tem algumas curiosidades. Com duração de apenas dois meses, ela não é a principal competição de futebol do país. A ideia, porém, é não atrapalhar. Como o Campeonato Indiano está parado e só retorna em janeiro, não haverá problemas com o calendário. Os clubes também são diferentes. Alguns participantes da ISL, por exemplo, são fusões de clubes rivais da mesma cidade.
 
Globo Esporte

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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