Economia

Dona da Souza Cruz compra rival por US$ 49 bi e cria líder global

Foto Reuters

A British American Tobacco (BAT) vai pagar US$ 49,4 bilhões para comprar a rival americana Reynolds, criando a maior companhia de tabaco do mundo. O acordo, que vinha sendo negociado desde o ano passado, foi fechado após a BAT elevar em US$ 2 bilhões o valor que já havia oferecido pelo negócio anteriormente.

A BAT, que já detinha 42% da Reynolds, pagará metade do valor pelos 58% restantes em dinheiro. O montante será de US$ 29,44 por ação – um prêmio de 26% em relação ao valor do papel da americana em 20 de outubro de 2016, dia anterior à formalização da proposta original de aquisição. A outra parte do acordo será quitada em ações da BAT.

O contrato avalia a totalidade da Reynolds em cerca de US$ 86 bilhões. A compra do controle marcará o retorno da BAT ao lucrativo e altamente regulado mercado dos Estados Unidos após uma ausência de 12 anos, tornando a empresa a única gigante do tabaco com presença relevante tanto em solo americano quanto no resto do mundo. Fundada em 1902, a BAT é hoje avaliada, sozinha, em US$ 110 bilhões.

Apesar de o acordo significar a união de duas das maiores forças globais do setor, a expectativa é que o negócio não enfrente muita resistência de órgãos reguladores, uma vez que a BAT tem uma operação bastante pulverizada globalmente, enquanto a Reynolds está basicamente concentrada no mercado americano.

Consolidação. A proposta inicial da britânica foi rejeitada pela americana em novembro, mas as partes seguiram conversando. Inicialmente, o prêmio pago em relação ao valor de mercado dos papéis da Reynolds era de 20%. Segundo estimativas de mercado, o valor pago pela Reynolds seria equivalente a 16,3 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da companhia no último ano.

O negócio reforça a tendência de consolidação do mercado de cigarros. A BAT é dona de marcas como Dunhill, Free e Lucky Strike, que são distribuídas no Brasil pela subsidiária Souza Cruz. Ao todo, a britânica controla cerca de 200 marcas, em 200 países, além de ser uma força relevante no setor de cigarros eletrônicos – um mercado que vem ganhando força em várias regiões. 

A Reynolds é dona de diversas marcas nos Estados Unidos, entre elas Camel, Pall Mall e Capri. A americana é vice-líder nos Estados Unidos, atrás somente da Altria, proprietária da Philip Morris no país. Para a BAT, a Reynolds é interessante por causa de seu portfólio de marcas premium.

O presidente da BAT, Nicandro Durante, disse que a união das duas empresas criará uma líder de mercado global. Ele acrescentou que o grupo combinado terá maior presença global do que qualquer companhia de tabaco, com fortes posições tanto em mercados emergentes de rápido crescimento – como América Latina, África e Oriente Médio – quanto em lucrativos países ocidentais.

O brasileiro Durante comanda a British American Tobacco a partir de São Paulo, segundo a agência Reuters. O executivo atua na Souza Cruz – subsidiária da gigante britânica – desde o início dos anos 1980. Ele se tornou diretor de operações da BAT em 2008 e presidente global em 2011. Seus ganhos anuais estariam próximos da marca de US$ 5 milhões.

Disputa. Dentro da “dança das cadeiras” do mercado global de tabaco, a própria Reynolds, agora incorporada pela BAT, havia concluído, no ano passado, uma operação de US$ 25 bilhões, por meio da qual adquiriu a americana Lorillard. Para conseguir aprovação de autoridades antitruste para o acordo, a empresa acabou vendendo algumas marcas importantes – entre elas Kool, Salem e Winston – para outra gigante britânica, a Imperial Tobacco.

A Imperial, segundo analistas, tem muitas chances de ser o próximo alvo da BAT já no curto prazo. Por isso, na esteira do negócio entre a britânica e a americana, suas ações subiram 2% no pregão desta terça-feira, 17, em Londres. Como geralmente ocorre com empresas que se comprometem com grandes desembolsos financeiros, o papel da BAT teve queda de 7%. As ações da Reynolds fecharam em alta de mais de 3% na Bolsa de Nova York (Nyse). 

Fonte: Estadão

Redação

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