O dólar fechou em queda em relação ao real nesta terça-feira (14), em dia marcado pela volta do Banco Central ao mercado de câmbio, em uma operação que equivale a venda futura de dólares. A moeda caiu 0,45%, vendida a R$ 3,096, no menor valor do ano e também na cotação mais baixa desde 2015.
No dia 2 de julho de 2015, o dólar fechou no mesmo valor que esta terça, a R$ 3,096. Antes disso, o menor valor de fechamento havia sido em 23 de junho de 2015, quando a moeda norte-americana encerrou os negócios vendida a R$ 3,0779.
À tarde, a moeda chegou a subir após discurso de Janet Yellen, chefe do Federal Reserve (Fed), aumentar expectativas de que o banco central dos Estados Unidos pode aumentar os juros no país acima do esperado. O avanço da moeda, no entanto, não se sustentou.
O dólar iniciou os negócios do dia em queda, após Michael Flynn, conselheiro de Segurança Nacional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedir demissão do cargo depois de revelações de que ele discutiu as sanções impostas pelos EUA à Rússia com o embaixador russo em Washington antes da posse de Trump.
A queda da moeda norte-americana sobre o real foi reforçada pelo ingresso de dólares no país. Segundo a Reuters, no mercado local, a entrada de recursos para as Ofertas Iniciais de Ações (IPOs) têm contribuído para o fluxo positivo. Hoje a empresa de medicina diagnóstica Hermes Pardini estreou na bolsa. A operação movimentou R$ 877,7 milhões, e cerca de 40% desse total ficou com investidores estrangeiros.
Juros nos EUA
O mercado monitora pistas sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos porque, com taxas mais altas no país, o dólar teria uma tendência de alta em relação a moedas como o real. Isso porque os Estados Unidos se tornariam mais atraentes para investidores que possuem recursos aplicados em outros mercados, como o Brasil.
Nesta terça, Yellen disse que o Fed provavelmente precisará elevar a taxa de juros em uma das próximas reuniões, embora tenha indicado incerteza considerável sobre a política econômica com a administração do presidente Donald Trump. Ela acrescentou ainda, durante audiência no Senado norte-americano, que adiar aumentos dos juros seria "insensato".
"Ela (Yellen) foi clara ao dizer que não seria inteligente esperar para subir os juros", apontou à Reuters o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.
Conselheiro de Trump
A renúncia de Flynn ressaltou no mercado a persistente imprevisibilidade da administração de Trump, aumentando o clima de cautela, destaca a Reuters.
"Ainda estamos no início da nova administração, por isso ainda não conseguimos detalhes sobre a estratégia fiscal e isso vai ter impacto importante sobre como o Fed orienta a política", disse à Reuters o estrategista-chefe de mercado da BNY Mellon, em Londres, Simon Derrick.
Interferência do BC
O BC brasileiro voltou a fazer leilão de swap tradicional – equivalentes à venda futura de dólares – para rolagem dos vencimentos de março, vendendo o lote integral de até 6 mil contratos, equivalente a US$ 300 milhões. Com isso, voltou ao mercado com esse tipo de intervenção, feita pela última vez em 30 de janeiro, destaca a Reuters.
Se mantiver esse volume até o final do mês, e vender o lote integral, o BC rolará apenas parcialmente o lote que vence no próximo mês, equivalente a US$ 6,954 bilhões.
Operadores disseram à Reuters que a atuação indicava que o BC não estava preocupado com o nível do dólar, que vem mostrando trajetória de baixa ante o real diante das expectativas de ingresso de recursos externos no País.
"Parece que para o BC, quanto mais baixo (o dólar), melhor. Pode contribuir para cortar um pouco mais a Selic", afirmou à agência o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior.
O BC fará leilão de até 6 mil swaps tradicionais, voltando ao mercado com esse tipo de intervenção, feita pela última vez em 30 de janeiro.
Se mantiver esse volume até o final do mês, e vender o lote integral, o BC rolará apenas parcialmente o lote que vence no próximo mês, equivalente a quase US$ 7 bilhões.
Fonte: G1