A cotação do dólar dispara na Argentina nesta quinta-feira (17), primeiro dia de câmbio flutuante no país após quatro anos sob o regime de câmbio "oficial". Nos primeiros negócios do dia, o peso argentino perdia entre 30% e 45% de seu valor frente à moeda dos Estados Unidos.
Na quarta-feira, o dólar encerrou os negócios valendo 9,835 pesos. Nesta quinta, a cotação variava entre 13 e 14 pesos por dólar.
Retomada
A retomada do regime de câmbio flutuante – em que a cotação da moeda é definida pela oferta e procura – foi anunciada na quarta-feira pelo novo ministro da Fazenda da Argentina, Alfonso Prat-Gay, durante uma entrevista coletiva na qual se recusou a estimar sobre a futura cotação da moeda americana.
"Quem quiser exportar vai exportar sem pedir permissão; quem quiser importar, vai importar; quem quiser comprar dólares vai poder comprar; quem quiser vender vai poder vender; ninguém será perseguido", afirmou Prat-Gay.
"Não há um número mágico. É voltar à normalidade. O câmbio flutuará", respondeu Prat-Gay ao ser consultado sobre o valor de 14,25 pesos por dólar como ponto de partida.
O ministro esclareceu que o Banco Central intervirá quando for necessário para manter um preço que a autoridade monetária considere razoável.
Estatísticas e indicadores
Na segunda-feira, a Argentina se comprometeu nesta a criar um instituto de estatísticas confiáveis, após anos sob suspeita de manipular os principais indicadores, e suspenderá por enquanto a divulgação dos dados de inflação, PIB e pobreza, disse o novo diretor do organismo nomeado pelo presidente Mauricio Macri.
O Instituto Nacional de Estatísticas (Indec) "é terra arrasada", sentenciou na segunda o novo diretor Jorge Todesca em uma coletiva de imprensa em seu primeiro dia no cargo. Segundo o funcionário, o organismo "está tomado por informação falsa e tendenciosa". "O objetivo é restabelecer o serviço público", disse Todesca, acompanhado por Prat-Gay.
O governo também anunciou a suspensão da divulgação de dados de inflação, PBI e pobreza, os principais indicadores porque "não existem recursos humanos nem materiais" para produzir dados confiáveis.
Fonte: G1