Com o ambiente político conturbado nesta sexta-feira, 17, o dólar acelerou o ritmo de alta e renovou nova máxima, chegando a R$ 4,1127 (+1,91%), enquanto o Ibovespa, que esboçava buscar os 91 mil pontos, diminuiu os ganhos.
Embora a sessão desta sexta-feira seja marcada por fortalecimento global da moeda americana por conta da guerra comercial entre EUA e China, o real apresenta o pior desempenho entre as divisas emergentes, evidenciando o peso de fatores domésticos sobre a formação da taxa de câmbio.
Segundo operadores do mercado, a sequência de notícias políticas negativas e a deterioração das expectativas econômicas levam os investidores a adotar uma postura mais defensiva, migrando para o dólar.
Moeda americana começa mais um dia em alta nesta sexta-feira. Foto: Fabio Motta/Estadão
Às 14h44, o dólar à vista era negociado a R$ 4,1067, com alta de 1,76%. Já o dólar futuro para junho avançava 1,41%, a R$ 4,1120. No exterior, o índice DXY – que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de seis divisas fortes – avançava 0,09%. Em relação a divisas emergentes, as maiores altas são na comparação com o rand sul-africano e o peso argentino.
No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,60%, aos 90.565,54 pontos, com destaque para a alta de 1,66% dos papéis da Vale, que recuperam parte das perdas de ontem, quando caíram mais de 3% após a empresa anunciar que havia risco de rompimento de uma barragem em Minas Gerais.
No exterior, os mercados acompanham os desdobramentos da disputa entre chineses e norte-americanos. Segundo o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), o aprofundamento das tensões comerciais nesta semana provocou a maior fuga de recursos de investidores estrangeiros das bolsas da China desde 2015.
Nesse período, foram retirados do mercado acionário chinês US$ 2,76 bilhões, que se somaram à saída líquida de US$ 2,56 bilhões na semana anterior, totalizando US$ 5,32 bilhões em apenas 15 dias.
Na quinta-feira, 16, o dólar à vista fechou cotado a R$ 4,0357, no maior valor desde setembro de 2018, e a Bolsa caiu 1,75%, chegando aos 90.024 pontos.
Bolsonaro distribui mensagem sobre dificuldades para governar
A preocupação com o cenário piorou nesta nesta sexta-feira depois que o presidente Jair Bolsonaro distribuiu em diversos grupos de WhatsApp um texto de "autor desconhecido" que trata das dificuldades que ele estaria enfrentando para governar.
O texto diz que o presidente está "sofrendo pressões de todas as corporações, em todos os poderes" e afirma que o País "está disfuncional", não por culpa de Bolsonaro, mas que "até agora (o presidente) não fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e fracassou".
Procurado pelo Estadão para comentar sobre a mensagem, o presidente respondeu por meio do porta-voz: "Venho colocando todo meu esforço para governar o Brasil. Infelizmente os desafios são inúmeros e a mudança na forma de governar não agrada àqueles grupos que no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas. Quero contar com a sociedade para juntos revertermos essa situação e colocarmos o país de volta ao trilho do futuro promissor. Que Deus nos ajude!"
Veja a variação do dólar e Bolsa nos últimos meses até esta quinta-feira, 16: