Após operar em alta na manhã desta quarta-feira (23), o dólar passou a operar em leve queda, em meio à maior aversão ao risco no exterior com renovados temores sobre as relações comerciais entre China e Estados Unidos e preocupações com a Turquia. O movimento de elevação, no entanto, era suavizado pela atuação mais forte do Banco Central brasileiro no mercado cambial nos últimos dias.
Às 13h42, a moeda dos EUA caía 0,62%, vendida a R$ 3,6226, no 3º dia seguido de queda. Já o dólar turismo era negociado a R$ 3,78.
Cenário externo
"A Turquia preocupa porque é emergente e um destino de investimentos comparável com o Brasil. Sempre existe temor de contágio, de respingo", afirmou à Reuters o diretor de operações da corretora Mirae, Pablo Spyer.
A lira turca tem despencado frente ao dólar com os investidores temerosos com as sinalizações de que o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, quer influenciar a política monetária do país.
Nesta sessão, o dólar saltava cerca de 4% frente à divisa turca. O movimento aumentou as expectativas de que o banco central do país possa ser forçado a convocar uma reunião extraordinária para elevar a taxa de juros antes de seu próximo encontro, em 7 de junho.
Os mercados voltaram a ficar apreensivos de que os Estados Unidos e a China possam iniciar uma guerra comercial, após o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmar que está insatisfeito com as negociações comerciais com a China.
Os investidores também aguardam a ata do último encontro de política monetária do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, que pode trazer nesta tarde pistas sobre a trajetória de juros no país neste ano.
De modo geral, os mercados vinham tomando posições defensivas diante das perspectivas de que o Fed possa elevar os juros mais do que o esperado neste ano, movimento que teria potencial para afetar o fluxo global de capitais.
Atuação do Banco Central
A pressão de alta vinda de fora era aliviada pela ação mais intensa do BC brasileiro, por meio de ofertas de swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.
Nesta sessão, já vendeu o volume integral de até 15 mil novos contratos, totalizando US$ 3,5 bilhões desde a semana passada, quando vendia por dia até 5 mil contratos.
A autoridade também vendeu integralmente a oferta de até 4.225 swaps tradicionais para rolagem do vencimento de junho, no total de US$ 5,650 bilhões. Com isso, já rolou US$ 4,805 bilhões. Se mantiver e vender esse volume até o final do mês, terá rolado integralmente os contratos que vencem no mês que vem.
Véspera
Na véspera, o dólar fechou em queda de 1,18%, a R$ 3,6451. Foi o menor patamar de encerramento desde o último dia 14 (R$ 3,6275). Nas duas últimas sessões, a queda foi de 2,56%, a mais intensa desde a baixa acumulada entre os dias 24 e 25 de janeiro deste ano (-3,26%), segundo o Valor Pro.
Na terça, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reiterou a disposição do BC em vender swaps em caso de necessidade. Em entrevista ao Valor, Ilan disse que “não tem preconceito” contra a venda desses contratos – cuja colocação equivale a uma injeção de dólares no mercado futuro. O presidente do BC acrescentou que a redução do estoque de swaps – da casa de US$ 100 bilhões para cerca de US$ 23 bilhões – foi para ter um “amortecedor” para os momentos em que isso fosse necessário. Ilan também não estipulou limite para a venda dos swaps.