O delegado Fabiano Pitoscia pediu desistência de participar das investigações que apuram o esquema de escutas ilegais operado pela Polícia Militar em Mato Grosso (PMMT). Ele alegou “foro intímo”, por meio de uma comunicação feita diretamente ao Diretor Geral da Polícia Judiciária Civil, Fernado Vasco Spinelli.
Com a desistência, o inquérito que apura a conduta de policiais suspeitos de participar do esquema de interceptações telefônicas vai ser conduzido só pela delegada Ana Cristina Feldner.
Esta é a segunda desistência envolvendo o caso. Em julho passado, o delegado Flavio Stringueta já havia protocolado na Justiça um pedido de afastamento das investigações. Stringueta explicou que estava sendo obrigado a deixar as investigações.
Denúncia
A denúncia sobre a rede de grampos foi feita no início deste ano, ao Ministério Público Federal (MPF), pelo promotor Mauro Zaque, ex-secretário de Estado de Segurança Pública.
O promotor disse que recebeu uma denúncia anônima, com documentos, que evidenciavam a prática de grampos telefônicos ilegais. Segundo ele, a denúncia foi levada ao governador Pedro Taques (PSDB), em setembro de 2015.
O esquema funcionaria por meio da chamada "barriga de aluguel", quando números de telefones de cidadãos comuns, sem conexão com uma investigação, são inseridos em um pedido de quebra de sigilo telefônico à Justiça.
No caso, teriam sido espionados adversários políticos do Governo, médicos, jornalistas e advogados.
Entre os grampeados estariam a deputada Janaina Riva (PMDB); o advogado José do Patrocínio; o desembargador aposentado José Ferreira Leite; os médicos Sérgio Dezanetti, Luciano Florisbelo da Silva, Paullineli Fraga Martins, Hélio Ferreira de Lima Junior e Hugo Miguel Viegas Coelho.
Pedro Taques, por sua vez, alegou que nunca pediu para grampear ilegalmente ninguém e afirmou que ele é quem representará Zaque na Justiça.
Numa outra frente, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou no TJ uma queixa-crime pedindo investigação sobre grampos em Mato Grosso.