O corpo de Bernardo foi achado no dia 14 de abril enterrado em um matagal na área rural de Frederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, onde ele residia com a família. O menino estava desaparecido desde 4 de abril. São réus no processo o pai dele, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, e amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, e o irmão, Evandro Wirganovicz. Eles estão presos e respondem pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
O depoimento da delegada Caroline se refere a um vídeo que registra uma briga feia entre o pai e o filho. Há um facão, que passa de mão em mão, e fomenta a agressividade do menino. O facão é dado ao garoto e logo depois o Leandro retira das mãos dele, relatou o advogado, que testemunhou na íntegra o depoimento da delegada na condição de assistente de acusação.São, portanto, elementos muito fortes e importantíssimos, completou Taborda, que possui todos os vídeos relacionados ao processo, mas diz que não pode divulgá-los neste momento.Para o advogado Jader Marques, que defende Leandro Boldrini, pai do menino, o material exposto na audiência desta terça-feira (26) não só ajuda seu cliente como comprova a falta de provas da acusação. Jader reforça a inocência do pai de Bernardo como mentor do crime.
Os vídeos são realmente muito fortes, relevantes, mas não há nenhuma relação com o homicídio. Ficamos muito satisfeitos com as longas oitivas das delegadas porque elas esclareceram que não há pontos concretos específicos do Leandro como mentor, executor ou qualquer participação depois da localização do corpo. Havia sim uma péssima relação entre o pai e o filho. As delegadas não possuem elementos para vincular Leandro ao crime. A maneira como ele levou esse conflito (entre a madrasta e o filho) é discutível, mas não quer dizer que haja evidência com a prática de um homicídio cruel e bárbaro como esse, sustentou Jader.
A promora Silvia Jappe, como representante do Ministério Público na audiência, ressaltou a relevância das novas provas contra os réus para corroborar o indiciamento e a denúncia dos envolvidos.As quatro testemunhas confirmaram toda a denúncia, foi confirmada a tese acusatória.Os vídeos são muito importantes. Como constou na denúncia, se mantém o entendimento do Ministério Público, afirmou.
Vídeos mostram ameaças e maus-
tratos aos meninos, diz delegada
O depoimento da delegada Caroline Bamberg foi o mais longo e durou cerca de cinco horas. Na saída, ela revelou pontos do que disse ao juiz Marcos Luís Agostini, responsável pelo caso.Disse que a polícia entregou recentemente à Justiça um vídeo extraído do celular de Leandro, que mostraria o menino sendo dopado pelo pai, além de emeaças e maus-tratos. As imagens foram apagadas do aparelho, mas recuperadas pela polícia."O Leandro diz ao Bernardo: 'É esse remedinho que tu tens que tomar'. Nesse trecho aparece ele tomando medicamento e voltando meio 'grogue'. Foi proposital", afirmou a delegada ao final do depoimento nesta terça-feira (26).
Mais cedo, a delegada falou sobre outro trecho do mesmo vídeo, onde aparecem ameaças de Graciele Ugulini ao menino durante uma briga. "Vamos ver quem vai primeiro para baixo da terra", dizia Graciele nas imagens gravadas, segundo transcrição à qual o G1 teve acesso.Nas imagens, Bernardo grita pedindo socorro, e o pai manda o menino ficar quieto. "Cala a boca, guri de merda, cagão", dizia o médico, de acordo com a transcrição. Também conforme a transcrição, a briga ocorreu em uma noite de sábado e chamou a atenção do vizinhos, que acionaram a polícia. A Brigada Militar esteve no local e acalmou os ânimos.
G1