O ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou na noite desta quarta-feira (2), por meio de publicação em sua página no Facebook, que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), lança mão de “chantagem” para manter seu mandato.
Na tarde desta quarta, Cunha anunciou que autorizou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ele decidiu dar andamento ao requerimento formulado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior. Eles alegam que Dilma descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal ao ter editado decretos liberando crédito extraordinário, em 2015, sem o aval do Congresso Nacional.
“A decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de deflagrar processo de impeachment contra Dilma revela o desespero de quem, confrontado com acusações de suspeitas de corrupção, está disposto a lançar mão de todo e qualquer meio, incluindo a chantagem e a violação das regras democráticas, para salvar seu mandato e satisfazer seus interesses”, postou Jaques Wagner.
Cunha é alvo de um processo de investigação no Conselho de Ética da Câmara acusado de ter mentido à CPI da Petrobras ao afirmar que não possui contas no exterior. Documentos enviados pelo Ministério Público suíço ao Brasil indicam que o parlamentar é o beneficiário de dinheiro movimentado em contas no país europeu.
O despacho do peemedebista autorizando a abertura do impeachment de Dilma ocorreu no mesmo dia em que a bancada do PT na Câmara anunciou que vai votar pela continuidade do processo de cassação de Cunha no Conselho de Ética. Ao longo do dia, Cunha consultou aliados sobre a possibilidade de abrir o processo de afastamento da presidente da República.
"A presidenta Dilma não possui contas na Suíça e não está sendo acusada ou investigada por atos ilícitos. Ela foi eleita legitimamente, em eleições limpas e justas pelo povo brasileiro e, mesmo considerando a baixa popularidade ou a crise econômica momentânea", disse Wagner.
"De cabeça erguida e empregando todos os meios legais e legítimos disponíveis, nosso governo lutará para demonstrar a fragilidade jurídica dessa manobra irresponsável e inconsequente. Confiamos na independência e na solidez de nossas instituições. O Brasil é maior e mais forte do que Eduardo Cunha", concluiu o chefe da Casa Civil.
Mais cedo, o ministro do Trabalho e Previdência Social também saiu em defesa da presidente Dilma por meio de nota. "Uma irresponsabilidade com o país e uma tentativa de golpe que será derrotada", afirmou o ministro. "Toda a sociedade brasileira sabe que não há qualquer fundamento, nem jurídico nem político, que permita um pedido de impedimento da presidenta”, concluiu.
Fonte: G1