As doenças provocadas pelo Aedes aegypti estão transformando a vida de muitas pessoas. Além da dengue, o mosquito é responsável pela transmissão da Zika e da Chikungunya e pelo crescente número de casos de microcefalia e da síndrome de Guillain-Barré.
Guillain-Barré
A síndrome de síndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune, que paralisa e pode matar. O sistema de defesa ataca o próprio corpo, depois de enfrentar uma infecção causada por bactérias ou vírus, como o da Zika. “Uma gripe pode levar ao Guillain-Barré, qualquer infecção pode levar ao Guillain-Barré, mas essa forma mais grave tem sido muito comum em pacientes que tiveram Zika”, explica o médico Wellington Galvão.
A síndrome é rara, com 0,4 casos registrados a cada 100 mil habitantes. Em 2014, foram registrados 14 casos da síndrome de Guillain-Barré em Alagoas. Em 2015, o número saltou para 50.
O tratamento é feito com um equipamento que filtra o sangue para eliminar os anticorpos que estão atacando o sistema nervoso. A máquina fica conectada ao corpo do paciente por um cateter. No procedimento existe o risco de uma contaminação por bactéria e a reação é imediata.
Microcefalia
Ouricuri, no sertão de Pernambuco, registrou 23 casos suspeitos de microcefalia no último ano. Mesmo nos casos diagnosticados, o futuro dos bebês é incerto. Não há como prever o desenvolvimento das crianças e as famílias vivem em angústia.
A associação entre o vírus da Zika e a microcefalia foi feita, pela primeira vez, em novembro de 2015, pela média Adriana Melo, da Paraíba. Na última semana, a principal instituição de pesquisa de saúde dos Estados Unidos comprovou essa relação.
De outubro de 2015 a abril de 2016 houve mais de sete mil notificações de microcefalia. Dos 1113 casos confirmados, 189 tiveram teste positivo para o vírus da Zika.
Chikungunya
O bairro Brejo da Guabirava, no Recife, é um dos locais com o maior número de notificações de doenças provocadas pelo Aedes aegypti. Este ano, 13 moradores do bairro tiveram diagnóstico de Chikungunya, que também é transmitida pelo mosquito.
Conversando com os moradores do bairro, o número parece ser maior. A Secretaria de Saúde do Recife diz que contabiliza apenas as pessoas que procuram as unidades de saúde e afirma que os agentes comunitários também podem fazer a identificação dos doentes para que os casos sejam identificados.
Os agentes comunitários tentam combater a proliferação do mosquito, mas como o abastecimento no bairro é irregular, os moradores têm o hábito de armazenar água em casa.
A Chikungunya provoca fortes dores pelo corpo, que podem ir e voltar ao longo de dias. Os pacientes também sentem inchaço nas articulações. A dor é tão intensa, que dificulta os movimentos e pode até impedir a pessoa doente de andar. “A gente vê pacientes que têm dor crônica. Essas vão continuar e a gente realmente não sabe por quanto tempo. Os artigos que a gente tem lido falam em anos”, explica a médica Danielly Teles de Melo.
No primeiro trimestre de 2015, foram notificados 17 casos suspeitos de febre Chikungunya em Pernambuco. No mesmo período deste ano, o número subiu para 2813 notificações.
Fonte: G1