Quinze minutos antes do início do cessar-fogo, as tropas israelenses anunciaram a saída das tropas que haviam entrado em Gaza para a operação destinada a acabar com o lançamento de foguetes do Hamas e destruir os túneis usados pelos islamitas para infiltrar-se em território israelense.
"As forças de defesa de Israel serão redistribuídas em posições defensivas fora da Faixa de Gaza. Vamos manter essas posições defensivas", disse o tenente-coronel e porta-voz do Exército Peter Lerner.
As duas partes demonstram determinação em prosseguir com os combates quase até o momento do início do cessar-fogo, às 8h.
As sirenes soaram em Jerusalém, Tel Aviv e nas regiões central e sul de Israel para uma última salva de 16 foguetes lançados a partir da Faixa de Gaza. Um projétil atingiu uma casa palestina perto de Belém (Cisjordânia), sem provocar vítimas, segundo testemunhas.
A aviação israelense realizou pelo menos cinco bombardeios na Faixa de Gaza, que não provocaram mortos nem feridos, antes do início da trégua, segundo correspondentes da AFP.
Esta é a segunda trégua de 72 horas que as duas partes decidem respeitar nos últimos quatro dias. A anterior, em 1º de agosto, negociada com mediação dos Estados Unidos e da ONU, durou apenas 90 minutos e terminou com um banho de sangue.
Mediação
Isarael e o Hamas aceitaram na segunda-feira (4) a proposta do Egito de trégua de pelo menos três dias.
O Egito também convidou Israel e os palestinos a comparecerem a negociações de alto escalão no Cairo, com o objetivo de obter um acordo de longo prazo para encerrar a guerra, que já deixou quase 2 mil mortos.
“Esperamos que isso garanta um cessar-fogo permanente e restabeleça a estabilidade”, declarou o Ministério das Relações Exteriores egípcio em um comunicado.
Autoridades de Gaza disseram que 1.834 palestinos, a maioria civis, foram mortos no conflito. Israel confirmou que 64 de seus soldados morreram em combate, e os bombardeios palestinos mataram três civis em Israel.
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, celebrou a trégua de 72 horas acatada por Israel e pelo movimento radical islâmico Hamas na Faixa de Gaza, e pediu as duas partes que iniciem negociações para acabar com o conflito.
Em um comunicado, Ban solicitou "o início, o mais cedo possível, de negociações no Cairo para se alcançar uma trégua durável e tratar dos problemas que estão na origem" do conflito. "As Nações Unidas estão prontas para dar seu pleno apoio a estes esforços", destacou o secretário-geral.
Grupos palestinos, incluindo enviados do Hamas e da Jihad Islâmica, já estavam na capital egípcia, onde encontraram o chefe da inteligência do país nesta segunda para apresentar suas principais exigências para pôr fim à violência, que já deslocou mais de um quarto dos 1,8 milhão de habitantes de Gaza e destruiu 3 mil residências.
Imediatamente após a reunião, o Egito comunicou as demandas a Israel, entre elas um cessar-fogo, a retirada de forças israelenses de Gaza, o fim do bloqueio do empobrecido enclave e a libertação de alguns prisioneiros.
Israel começou a desacelerar sua ofensiva, dizendo que o Exército alcançou o principal objetivo da operação terrestre: a destruição dos túneis usados pelos militantes para se infiltrar em seu território.
Uma autoridade palestina afiliada a uma das facções militantes disse que um cessar-fogo temporário ajudaria a abrir caminho para negociações mais abrangentes. "Caso Israel concorde com um cessar-fogo de 72 horas, o Egito o convidaria a enviar uma delegação ao Cairo para conduzir negociações indiretas sobre todos os temas”, declarou.
O Egito já se posicionou como mediador em outros conflitos em Gaza, mas, como Israel, se opõe ao Hamas, e tem se empenhado em fechar um acordo que ponha fim aos conflitos.
Já o Catar, que apoia o Hamas, ficou de fora das conversas egípcias, mas manteve consultas com a Turquia e com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, com o propósito de encerrar a crise caso o Egito fracasse, disseram uma fonte do Golfo e uma autoridade do Hamas em Doha.
G1