Política

Com país em crise, FHC critica viagens de Dilma ao exterior

Fernando Henrique Cardoso participa de lançamento de livro em São Paulo (Foto: Roney Domingos/G1)

O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta quinta-feira (26) em evento em São Paulo que, se fosse a presidente Dilma Rousseff, não iria ao exterior com o Brasil se "esfacelando".

Nos próximos dias, Dilma tem viagens programadas para França, Japão e Vietnã. FHC participou nesta quinta de um debate sobre seu novo livro, "Diários da Presidência 1995-1996", em uma unidade do Sesc na região central de São Paulo.

Questionado se estaria na hora de estabelecer-se um diálogo para tirar o país da crise, FHC defendeu que Dilma assuma a liderança. "Eu acho que está mais do que na hora, mas tem de ver o modo constitucional. Por enquanto, só tem um jeito: ou a presidente assume a liderança…. Ela vai viajar agora. Vai ficar nove dias fora do Brasil. Eu não iria nessas circunstâncias, porque o Brasil está se esfacelando", disse FHC. "Talvez seja bom", completou.

Ele voltou a sugerir que a presidente Dilma Rousseff negocie saídas para a crise, até mesmo a renúncia.

"A Dilma não deve ter ficado feliz com o que eu disse, mas eu disse. Eu disse o seguinte: no limite você diz que renuncia se aprovarem isso, isso e isso. Não te querem, condiciona a sua saída à aprovação de certas medidas. Se aprovarem, não precisa nem sair. Mas ela não toma iniciativa", afirmou.

"[Dilma] Não tem com quem dialogar. Cada um está com medo do que possa acontecer consigo e o momento não é esse. Você tem de olhar o que vai acontecer conosco, com o pais."

Fernando Henrique também comentou a prisão do senador Delcídio do Amaral e disse que a decisão da maioria do Senado de manter o parlamentar preso constrangeu quem ficou "com medo de cair". Para ele, "infelizmente os elementos chave do sistema político brasileiro estão sob questionamento".

"Nós vimos ontem na televisão o constrangimento de alguns: 'Olha, tem de ser secreto porque senão eu caio'. É uma situação delicada. Você tem uma instituição que parece ter vigor, que é o Judiciário. E mesmo a decisão tomada ontem, não quero nem discutir se é constitucional ou não, mas tinha de ser tomada. Porque algum ponto de amarração tem de ter o sistema político. Já que os políticos não tomam, tomaram aquela decisão e o Senado teve de engolir aquela decisão dramática", disse FHC.

Fonte: G1

Redação

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