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Casas invadidas por milicianos no RJ são postas à venda na web

 
Ao responder o anúncio, o interessado recebe a informação de que a casa está ocupada pelo proprietário. No entanto, afirma que a residência não está no nome dos moradores e que a Prefeitura realizará a venda, como constatou o RJTV ao ligar para a imobiliária. Em outro contato, ao saber que estava falando com uma equipe de reportagem, o dono da imobiliária declarou que se tratava de um equívoco do corretor.
 
"Chegaram quatro rapazes lá na minha casa e falou que eu tinha 48 horas para sair de dentro de casa. Eu simplesmente peguei minha mulher e o menino e parti", declarou uma das vítimas, anonimamente. "E se você não pagar naquele dia, eles te mandam sair fora da casa, sem direito a nada, só com a roupa do corpo", completou.
"O programa Minha Casa, Minha Vida está virando uma fonte de enriquecimento do crime organizado", declarou o defensor público Eduardo Lopes Piragibe.
 
Reunião
Segundo o Ministério das Cidades, nesta semana haverá uma reunião para tratar das invasões da milícia. "Nela será assinada uma portaria interministerial convidando outros órgãos, as prefeituras, as polícia locais, começando pelo Rio de Janeiro, pra que a gente possa efetivamente dar esse trabalho e dar essa resposta, essa satisfação à sociedade", declarou Gilberto Occhi.
 
O ministro informou que a Caixa Econômica possui um número de telefone para denúncias de irregularidades: 0800-721-6268. Neste número, já foram atendidas 256 mil pessoas.
 
Operação
Uma grande operação da polícia, em 2011, expulsou os milicianos do mesmo condomínio em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Segundo os moradores, no entanto, pouco tempo depois, a milícia retornou.
 
"Vamos fazer outra operação lá? Vamos fazer, não tenha dúvida, mas se o transporte lá não melhorar, se as outras condições de luz, de recebimento de entrega de gás também não acontecer,  alguém vai ocupar essa lacuna falha", analisou o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
 
Golpe
Por lei, a Prefeitura faz o cadastro e a Caixa Econômica Federal verifica quem está dentro do perfil exigido pelo programa. Pelo menos 50 famílias do condomínio Aires, no Senador Camará, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, caíram em um golpe em 2012.
"Começaram uns intermediários no local dizendo que se a gente pagasse R$ 5 mil, R$ 6 mil, teria pessoas da própria prefeitura que iria agilizar a documentação pra gente ser premiado primeiro. O nome dele era Bruno. Ele era funcionário da Secretaria de Habitação", denunciou uma moradora que não quis se identificar.
 
Quando perceberam que foram enganados, os moradores se reuniram com representantes da prefeitura do Rio, em janeiro de 2013, depois que Jorge Bittar deixou a secretaria e reassumiu o cargo de deputado federal. Um vídeo mostra o então subprefeito Edson Luiz Menezes admitindo o problema.
"Teoricamente vocês compraram um apartamento de uma pessoa que realmente fazia parte daquela gestão da prefeitura", declarou Edson. Estas famílias já estão recebendo ordem de despejo.
"Elas imaginam que elas entraram regularmente nos imóveis, inclusive desembolsaram quantias que pra elas são economias de uma vida inteira. Como uma pessoa dessa é invasora? Essa pessoa é uma vítima", questionou o defensor público.
 
Apontado pelos moradores como funcionário da secretaria de Habitação que cobrava dinheiro para entregar as chaves da casa, Bruno, que não quis revelar o sobrenome, negou ter recebido quantias dos moradores e declarou que elas são invasoras do condomínio.
Em nota, o ex-secretário de Habitação do Rio, Jorge Bittar, afirma que Bruno foi um funcionário dedicado e correto e, por isso, hoje faz parte da equipe de Bittar, que é deputado federal.
 
A Polícia Civil informou que a Delegacia de Defraudações (Ddef) vai convocar os envolvidos no caso para prestarem depoimento.
"A Prefeitura não vê nenhuma conivência de servidores nossos com milicianos ou qualquer pessoas que possa estar fazendo algo de irregular. Esse Bruno, que seria um prestador de serviços, ele já não atua na prefeitura desde o final de 2012 ", explicou Fernando dos Santos Dionísio, procurador-geral do município.
 
G1

Redação

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