Passado o período mais crítico da crise econômica brasileira, a população retoma a confiança na recuperação da economia. Um dos termômetros para a sensação de otimismo é o resultado da caderneta de poupança, que depois de atravessar vários meses no vermelho volta a registrar saldo positivo no país. O Sistema Sicredi, instituição financeira cooperativa com mais de 3,6 milhões de associados e atuação em 21 estados, registra incremento líquido – diferença entre os depósitos e as retiradas – de R$ 2,134 bilhões este ano até 20 de outubro, superando em 47,7% a meta prevista para todo o ano de 2017, que era de R$ 1,444 bilhão.
Na região Centro Norte, que abrange os estados de Mato Grosso, Rondônia, Pará e Acre, o desempenho da poupança do Sicredi também foi positivo. Até 20 de outubro a captação líquida foi de R$ 212,464 milhões, incremento de 127% sobre a meta fixada para o ano, que era de R$ 167,137 milhões. Na avaliação do presidente do Sicredi Centro Norte, João Spenthof, os resultados provam que os associados estão conscientes da necessidade de se manter uma reserva financeira e de que os recursos aplicados voltam para eles de três formas. “A primeira é a própria remuneração do investimento; a segunda é que os recursos retornam para ele quando ocorre a distribuição dos resultados da cooperativa, ao fim de cada exercício; e a terceira é em crédito rural, já que parte dos recursos depositados na poupança é redirecionada a esta atividade econômica. Então, quando os associados investem na poupança todos ganham e contribuem para o desenvolvimento local”.
A perspectiva é que os números melhorem ainda mais até o fim deste ano, demonstrando que os associados estão se organizando mais financeiramente e destinando parte de seus ganhos para a poupança, que é o tipo de investimento mais tradicional entre os brasileiros. E no Dia Internacional da Poupança, comemorado no dia 31 de outubro, o Sicredi reforça a importância do planejamento financeiro para a realização de sonhos e para o desenvolvimento regional. “Nossos assessores e consultores de negócios estão nas agências prontos para orientar nos associados quanto aos investimentos disponíveis, sendo que a poupança é o mais tradicional, simples e seguro, o primeiro passo para quem quer investir”, considera Spenthof.
A consultora de Negócios da Central Sicredi Centro Norte, Juliana Rodrigues, acrescenta que, o associado que tiver dificuldades em organizar os investimentos pode começar pela poupança programada, cujas aplicações mensais podem ser feitas por débito automático ou depósito, e em diferentes valores.
Quem entrou para o time de poupadores e tornou realidade um grande sonho foi o produtor rural José Carlos da Silva, 56 anos, que mora em Figueirópolis d’Oeste (a 380 km de Cuiabá). Há quatro anos ele vendeu uma parte de suas terras para usar o dinheiro na montagem de um supermercado na cidade. Deu o valor de entrada no empreendimento e parcelou o restante do valor investido. Para o pagamento, ele conta que possuía bois para vender e garantir a liquidação das parcela. No entanto, percebeu que poderia fazer diferente. “Fui até minha agência e conversei com o gerente. Ele me orientou a fazer a programação da poupança, cujo valor era debitado todo mês da minha conta, e quando chegava a data de saldar o empréstimo, eu tinha o dinheiro. Foi a melhor coisa que fiz, funcionou direitinho, pois se dependesse de eu juntar o dinheiro espontaneamente não iria fazê-lo. A poupança programada é um compromisso, como se fosse uma dívida. Sendo assim, a gente faz!”, garante ele ao acrescentar que já está planejando a contratação de uma segunda programação, com um valor ainda maior, cuja finalidade é comprar mais um pedaço de terra e repor aquela que teve de vender.
Comportamento
O Indicador de Reserva Financeira, calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que 65% dos brasileiros não contam com nenhuma poupança para suas finanças. Separando os dados por faixa de renda, a pesquisa aponta que a proporção de pessoas que fazem a poupança é mais elevada nas classes de maior poder aquisitivo (A e B) do que entre aquelas de menor renda (C, D e E). Na primeira, 37% informaram que pouparam este ano, contra 60% que não pouparam. Entre os brasileiros de renda mais baixa, somente 13% pouparam, contra uma massa de 80% que não fizeram nenhuma reserva.
A situação é preocupante e demonstra que as famílias brasileiras não estão preparadas para uma eventualidade, uma emergência. A economista Edijeide Fernandes, afirma que a poupança é um bom começo para que as pessoas comecem a despertar para a cultura de investimentos. “É uma aplicação que não rende tanto como outras modalidades, mas é um bom começo para disciplinar os potenciais investidores. Com o tempo eles podem evoluir para renda fixa, renda variável, títulos públicos, entre outros”.
Dia Internacional da Poupança
O Dia Internacional da Poupança foi criado na Itália em 1925, um ano após a fundação do Instituto Mundial de Bancos de Poupança. Ficou instituído que o dia 31 de outubro seria destinado à tentativa de conscientizar a população de todo o mundo sobre os benefícios da poupança e as consequências da falta de planejamento financeiro para a vida familiar. No Brasil, a data começou a ser comemorada no ano de 1933.