Cidades

Boas práticas mantêm unidades penais femininas livres do novo coronavírus

Das 473 mulheres que estão reclusas nas seis unidades penais femininas de Mato Grosso, há apenas dois casos suspeitos de coronavírus (Covid-19), que estão sendo acompanhados pela Coordenadoria de Saúde do Sistema Penitenciário. Duas são pessoas que foram presas recentemente e estão isoladas, cumprindo o período de quarentena. As boas práticas que levam a este resultado foram destacadas na roda de conversa online desta terça-feira (25.08), que integrou a programação da Semana de Ressocialização.

Na ocasião, as cinco diretoras e um diretor das unidades trocaram experiências e relataram os principais desafios deste período de pandemia. “As unidades têm se reinventado e possibilitado melhorias e adequações para reduzir ao máximo os riscos de contaminação, além de desenvolver atividades voltadas ao cuidado com a saúde mental das reeducandas”, ressaltou a superintendente de Política Penitenciária, Michelli Dias Egues.

O principal desafio para a diretora da Cadeia Pública de Nortelândia (250 km de Cuiabá), Adriana Silva Duarte Quinteiro, foi a ausência de contato físico com os familiares. As visitas foram suspensas como medida de segurança à saúde das 58 recuperandas. “Tivemos que pensar em iniciativas para amenizar esses efeitos, como as visitas virtuais, por meio de telefones ou cartas por e-mail, WhatsApp ou Correios. A gente sabe que as mulheres ficam mais solitárias, recebem menos visitas que os homens, até pela distância das unidades penais femininas, então as visitas virtuais acabaram proporcionando contatos que antes não existiam, na verdade”.

A diretora da unidade de Rondonópolis (215 km da capital), Silvana Lopes, afirmou que no início da pandemia, a preocupação maior das 83 recuperandas era com relação aos familiares, queriam saber como estava a mãe idosa ou os filhos. “Foi um período complicado, mas uma maneira de acalmar foi a fabricação de máscaras de tecido e entrega para a população carente. Quando elas viram fotos das entregas que fizemos, elas passaram a produzir 300 máscaras por dia, tendo apenas uma máquina reta e uma de overloque. É visível a satisfação delas em poder ajudar”, contou.

Outro ponto destacado pela diretora foi com relação à redução do consumo de drogas ilícitas. “Infelizmente, alguns familiares conseguem entregar drogas durante as visitas, e como os contatos estão suspensos, aproveitei para cadastrar as reeducandas que são usuárias para participarem de projetos de reabilitação. Elas têm participado e estamos conseguindo bons resultados”.

Em Cuiabá, as visitas virtuais também serviram como instrumento de reaproximação familiar. “Temos uma reeducanda que a mãe mora no interior do Pará, zona rural, há mais de quatro anos ela não tinha contato e agora na pandemia conseguiu retomar e saber como ela estava, foi muito emocionante”, destacou a diretora da Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, Maria Giselma Ferreira Silva. Ela também elogiou o trabalho da equipe de saúde da unidade, principalmente neste período de pandemia.

A equipe desenvolve diversas atividades junto às 198 mulheres, como o Projeto RefloreSer, a escola, sessões de cinema e atividades físicas, e também aproveitou o período em que o trabalho extramuros está suspenso para iniciar a horta. “Pegamos as reeducandas que trabalham com a Prefeitura e já fazem serviços de jardinagem para atuarem dentro da unidade no plantio de hortaliças e manutenção, compartilhando conhecimento com as demais”, acrescentou.

Datas especiais e rotinas ajustadas

A programação do Dia das Mães foi mais intensa em todas as instituições penais este ano em função do isolamento necessário. A diretora da Cadeia Pública de Cáceres (214 km de Cuiabá), Franciskely Campos Moreira, contou que a equipe solicitou fotos e mensagens para repassar às 35 recuperandas. “Também fizemos um cine pipoca, e exibimos as fotos dos familiares na tela, elas ficaram muito emocionadas. Tinham mulheres que não viam a família há um bom tempo, uma delas há cinco anos não via a mãe, que mora no Acre, e conseguimos entrar em contato e proporcionar esse momento”.

As atividades do Dia das Mães também foram intensificadas na Cadeia Pública de Colíder (650 km de Cuiabá), conforme descreveu a diretora, Layla Denise da Costa. “Fizemos rodas de conversa com uma psicóloga, entrega de brindes, em parceria com o Conselho da Comunidade. No início da pandemia, sentimos uma tranquilidade das reeducandas quanto à necessidade de medidas de prevenção ao coronavírus. Mas a preocupação delas é realmente com a situação dos familiares, das pessoas que estão longe. Temos muitas mulheres de outros estados, outras cidades, então as ligações e as cartas são muito importantes, tanto por e-mail quanto via Correios. Os trabalhos de artesanato continuam e ajudam nesse momento as 57 reclusas”.

Em Nova Xavantina (653 km da capital), apesar de a pandemia ter dificultado algumas atividades, o fato de a unidade já ter na rotina a realização de audiências de custódia de forma virtual facilitou o fluxo. “Como temos uma equipe pequena de policiais penais, era complicado ficar deslocando, e com as audiências virtuais evitamos ir até Vila Rica, Querência, entre outros municípios da região”, frisou o diretor da Cadeia Pública, Ricardo Olímpio. Ele relatou também que as 42 reeducandas fazem atividades físicas semanalmente, têm contato com familiares por telefone ou cartas e fazem leituras de livros com entregas de resumos às professoras.

A roda de conversa foi transmitida pela internet e pode ser conferida aqui.

Promovida pela Secretaria de Estado de Segurança (Sesp-MT), por meio da Adjunta de Administração Penitenciária (SAAP), sob o tema “Ressocialização em tempos de pandemia”, a programação da Semana continua até sexta-feira (28.08). O link será divulgado diariamente no perfil da Sesp-MT no Instagram (@sespmt). Nesta quarta-feira (26.08), o assunto abordado será educação.

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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