Mosquitos Aedes aegypti contaminados com a bactéria Wolbachia são drasticamente menos capazes de transmitir o vírus da zika, aponta pesquisa da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), publicada nesta quarta-feira (4), na revista "Cell Host & Microbe". É o primeiro estudo que relaciona os efeitos da bactéria com o vírus da zika.
A contaminação de mosquitos Aedes com a bactéria Wolbachia foi incialmente desenvolvida como parte de um projeto internacional chamado Eliminar a Dengue: Nosso Desafio. A bactéria era introduzida nos ovos dos mosquitos que, em seguida, eram expostos ao vírus da dengue.
A experiência demonstrou que a Wolbachia era capaz de bloquear o vírus no Aedes aegypti, impedindo que a doença fosse disseminada. Uma vez infectado, o mosquito transmite a bactéria para os seus descendentes.
O mesmo efeito inibidor foi observado com vírus da zika – e anteriormente, também, no vírus chikungunya.
"Zika e dengue pertencem à mesma família de vírus, portanto, com o surto no Brasil, a ideia lógica era testar os mosquitos portadores Wolbachia, testando-os com o vírus zika e ver o que iria acontecer", explicou Luciano Moreira, coordenador do estudo da Fiocruz, segundo comunicado.
O estudo comparou mosquitos Aedes aegypti comuns com mosquitos contaminados com Wolbachia. Eles foram alimentados com sangue humano infectado por duas cepas recentes do vírus zika que está circulando no Brasil.
Após duas semanas, os pesquisadores notaram que os mosquitos que transportavam Wolbachia tinham menos partículas virais em seus corpos e saliva, em comparação com os demais. Os testes mostraram que o vírus presente na saliva do mosquito não era ativo – o que significa que o mosquito não seria capaz de transmitir o vírus zika.
"A Wolbachia mostrou-se tão eficaz com o vírus da zika como as mais importantes experiências de dengue que fizemos", disse Moreira.
No entanto, ele adverte que a estratégia não é totalmente eficaz e nem vai eliminar o vírus.
"Sabemos que não haverá apenas uma solução para zika. Nós temos que fazer isso com diferentes abordagens, como vacinas ou inseticidas, além das medidas públicas para controlar os locais de reprodução Aedes", ponderou.
Fonte: G1