A preocupação com o deficit de acomodações já foi levantada pelo ministro do Turismo, Vinícius Nobre Lages (PTB), com base na quantidade de ingressos vendidos para os jogos que ocorrerão na capital mato-grossense. Apenas para a primeira fase foram vendidos 17 mil ingressos para o Chile; 12,5 mil para Colômbia e quase 10 mil para o Japão.
Enquanto isso, uma pesquisa realizada pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), que reúne as principais redes de hospedagem do país, confirma essa alta procura por hospedagem em Cuiabá e ainda revela que, entre as 12 cidades-sede da Copa do Mundo, Cuiabá é a terceira com maior procura por acomodações durante o evento, o que corresponde a 73%, perdendo apenas para Rio de Janeiro e Natal, com 87% e 81% respectivamente.
A alta procura, que está se tornando uma preocupação para o governo, foi uma boa notícia para o setor hoteleiro. De acordo com o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Cuiabá (SHRBS), Luís Carlos Nigro, a primeira e a última partida foram as que mais impulsionaram a procura por hospedagem.
“Os turistas que vão vir para Cuiabá não conseguirão mais encontrar vagas de hotel para o primeiro e o último jogo, pois a procura foi muito grande, tanto que posso dizer que 100% dos hotéis já estão lotados. Já para a segunda e terceira partida, 95% dos hotéis já preencheram suas vagas, mas vai ser difícil para os turistas encontrar essa pequena porcentagem”, diz Negri.
A preocupação com a falta de leitos para absorver os estrangeiros é tamanha que o governador do Estado, Silval Barbosa, lançou a opção de hospedar os turistas em escolas, universidades, acampamentos e motéis.
População se prepara para receber torcedores
Entre os cuiabanos que aderiram ao Programa Cama e Café, está a professora aposentada Roma Maria Luzardo, que vai disponibilizar 10 leitos aos turistas. E para isso está se programando para oferecer um atendimento personalizado a cada turista que vai hospedar, dependendo do seu país de origem.
Com opção de comida típica tanto de Cuiabá quanto do país de origem, a professora já mapeia também os pontos turísticos. “Minhas filhas falam inglês, então não teremos restrição quanto a nacionalidade, e também planejo oferecer o serviço de guia para quem quiser conhecer um pouco de Cuiabá”, conta.
Acostumada a viajar e também a utilizar esse tipo de hospedagem em outros lugares, Rosa Maria, junto com os filhos, viu na Copa a oportunidade de abrir as portas de casa e conseguir uma renda extra durante os jogos, já que irá arrendar a casa por R$ 2 mil a diária.
A moradora da região do Coxipó acredita que o aluguel de casas será a melhor opção para quem não quer gastar muito. “Ficar em casa, ao invés de hotel, além de ser mais barato, considero também mais privativo e com uma liberdade a mais, que só uma residência pode proporcionar”, diz.
A casa da professora faz parte dos 995 leitos que estão disponíveis, e de acordo com a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), mais 2.400 leitos devem ser liberados antes do início dos jogos.