O estudante Gustavo Gaskin, de 13 anos, que viajou durante as férias de julho para visitar o pai nos Estados Unidos e não retornou na data prevista, chegou ao Brasil na segunda-feira (12), após a Justiça norte-americana cancelar a guarda emergencial concedida ao pai. A mãe de Guga, Cheyenne Menegassi, acusou o ex-marido de sequestro internacional do adolescente. O pai não comentou as acusações.
Aliviada ao retornar a Santa Rosa de Viterbo (SP) com o filho, Cheyenne comemorou a vitória. "Foi lindo pra nós, um estouro de felicidade", diz. Ela afirma que foram dias de incertezas até conseguir fazer contato com o filho depois que o menino foi isolado pelo pai, Samuel Gaskin, em uma fazenda no estado do Tennessee.
Com a volta de Guga, o Ministério Público Federal (MPF) informou que arquivou o processo de sequestro internacional. "Com a definição da guarda e o retorno do garoto, perdeu o objeto", disse em nota.
Procurado, o pai do adolescente não respondeu às mensagens deixadas pela equipe de reportagem.
Angústia
O drama de Cheyenne começou em julho quando Gaskin conseguiu a guarda emergencial do garoto na Justiça norte-americana. Após 20 dias de tentativas frustradas de falar com o menino e com o pai dele, ela descobriu por meio de parentes de Gaskin nos EUA que, há três anos, o ex-companheiro vive em isolamento com a mãe em uma fazenda, e que se tornou uma pessoa agressiva.
A professora e a advogada dela procuraram o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério da Justiça para acusá-lo de sequestro internacional. Em agosto, Cheyenne embarcou para os EUA.
Brasil e EUA são signatários da Convenção de Haia, que prevê que a discussão da guarda de crianças e adolescentes ocorra no país onde vive o menor, no caso de Guga, no Brasil. O governo norte-americano enviou um comunicado à Justiça do Tennessee orientando que a convenção fosse respeitada.
"Foram 50 dias de intensas emoções porque tudo mudava muito rápido. Às vezes eu estava muito confiante, muito esperançosa, e de repente eu começava a pesquisar sobre casos, sobre outras pessoas que estavam na mesma situação, há muito tempo, aí eu ficava mal", diz Cheyenne.
Audiência na corte americana
No dia 8 de setembro, a audiência finalmente aconteceu e, após dez horas de depoimentos, a Justiça cancelou a guarda emergencial concedida a Gaskin, dando a Cheyenne o esperado momento de retornar ao Brasil com o filho. "O maior medo que já tive na minha vida, de poder perder o meu filho, de não poder vê-lo nunca mais", diz.
Apesar da sensação de medo, Cheyenne afirma que o filho foi bem cuidado pelo pai, mas que o tempo todo foi pressionado a ficar nos Estados Unidos. "O pai não chegou a agredi-lo, ele me contou de ameaças que ele não via como ameaça", declara a professora.
Entre os fatos chamados ameaças por Cheyenne, estavam promessas de que o pai pagaria a universidade de Guga, e que nos Estados Unidos ele poderia começar a dirigir com 16 anos.
"Posso comprar uma caminhonete pra você, olha esse trailer que a gente comprou pra viajar para o Alasca, eu vou colocar ele na sua caminhonete e você vai poder viajar para onde você quiser. Eram coisas assim, encantadoras, que para uma criança de 13 anos que nunca teve muito contato com o pai, se iludiu. Ele fez uma super pressão, mas tratando ele muito bem. Meu filho teve todos os desejos realizados, mas não tinha liberdade", explica.
Vida segue
Em casa, ela afirma que o pai sempre terá acesso ao filho. “Eu continuo como sempre, deixando que ele tenha o contato com o pai dele. Se o pai dele procurá-lo, eu vou chamá-lo. Se o pai dele telefonar, vou chamar. Eu não vou isolar o meu filho do pai dele, porque é um direito dele.”
Fonte: G1