Esses 843 quilômetros quadrados representam um aumento de 358% em relação ao mesmo mês no ano passado, quando o SAD registrou 184 quilômetros quadrados desmatados.
A Amazônia Legal é uma área de abrangência de rios e vegetação amazônicos, envolvendo nove Estados brasileiros. Corresponde a 59% do território do País. Este conceito foi criado pela lei 1.806 de 6 de janeiro de 1953, para que o governo federal pudesse dar conta de criar políticas públicas protetiva e de uso consciente desse patrimônio natural.
Os dados de junho constam do último balanço divulgado esta semana pelo Imazon, que faz o monitoramento mensal do desflorestamento na Amazônia Legal. O Imazon lê os dados colhidos pelo satélite americano de observação da terra, da Nasa, o Landsat 8 (Landsat Data Continuity Mission), que transita na órbita terrestre desde fevereiro de 2013.
Para saber quanto do desmatamento captado pelo Landsat 8 representa a derrubada ilegal de árvores na Amazônia Legal, teria que ser feito um tratamento dos dados em todo o limite deste território. “Mas hoje em dia isso não está sendo feito e o que temos é uma falsa ideia de legalidade e controle”, assegura a cientista política francesa Alice Thuault, coordenadora da Transparência Florestal pelo Instituto Centro de Vida (ICV), em Mato Grosso.
Segundo Alice, preocupado com isso, o ICV solicitou as autorizações de desmatamento expedidas pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema) em 2011 e 2012 e constatou que, no Estado, quase a totalidade do desmate dentro da Amazônia Legal é ilegal. “Fizemos o cruzamento de dados e detectamos que em 2011 o desmatamento ilegal na Amazônia Legal, dentro de Mato Grosso, foi de 98% e em 2012, 90%”. Para Alice Thuault, “essa falta de controle é um problema muito grande”. Ela diz ainda que o Imazon apenas articula os dados que o satélite disponibiliza, mas não com intuito de fiscalização ou de coibir a prática. "Isso é uma tarefa governamental".
A superintendente de Geoinformação e Monitoramento Ambiental da Sema, Elaine Cursini, assegura que o governo do Estado faz o cruzamento de dados para consumo interno, mas não publica essas informações, porque isso demandaria outros investimentos. “Não temos pessoal nem tempo para produzir relatório de monitoramento, mas fazemos sim a análise de dados, para consumo interno e orientar políticas públicas.”
Fonte: Terra