O ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf, teve a sanidade mental colocada em cheque na audiência de instrução realizada na 7ª Vara de Combate ao Crime Organizado, na manhã desta sexta-feira (21), por três advogados que defendem ex-governador Silval da Cunha Barbosa (PMDB), do ex-secretário de Fazenda, Marcel De Cursi, e do ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio Cézar Correa Araújo. Este novo interrogatório partiu das respectivas defesas, que gira em torno das investigações da ação principal da operação Sodoma.
Antes de iniciar o interrogatório, marcado para ouvir Silvio Correa, a defesa de Marcel de Cursi foi o primeiro a manifestar, à juíza Selma Rosane, o pedido de uma perícia atestando a sanidade mental de Nadaf.
Em seguida o advogado de Silvio Araújo, Leonardo Bassil Moro, que tinha afirmado à imprensa que Nadaf agira como desiquilibrado em suas confissões, levou para a magistrada documentos que supostamente atestam que Pedro teria deixado de tomar os remédios controlados.
Leonardo ainda revelou que durante a estadia do réu no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), Nadaf teria passado por surtos psicóticos. Relatou também desentendimentos que teriam ocorridos entre Nadaf e agentes penitênciários. O advogado de Silval também se manifestou a favor da perícia.
Willian Kalil, que defende o ex-secretário, alegou que as acusações seria uma forma de estratégia para conter as contribuições que Nadaf tem feito ao confessar os crimes que cometeu, durante a gestão de Silval, devolução dos prejuízos causados ao erário. A defesa atesta que nos interrogatórios o seu cliente gozava de perfeitas condições mentais, pois respondeu a todos os questionamentos realizados durante as oitivas.
O advogado admitiu, no entanto, que Pedro Nadaf tem depressão, mas detém de “total lucidez”. Os desentedimentos foram resolvidos, e afirma que já houve até pedido de desculpas por parte do cliente.
A magistrada negou o pedido feito aos advogados e considerou como descabida a perícia, uma vez que o distúrbio emocional não causa surtos psicóticos. “Sequer a falta de uso de medicamento contribuiria para este episódio”.
Selma finalizou dizendo que o reinterrogatório foi feito a pedido da defesa de Silvio Correa "que agora busca anulá-lo". "Isso fere o princípio da boa fé processual e rejeito o pedido de nulidade do processo por vício de prova e rejeito o pedido de anular os depoimentos de Pedro Nadaf por surto psicótico", decidiu a magistrada.
