Terceiro advogado a defender a mulher suspeita de matar o próprio filho em Cravinhos (SP), Hamilton Paulino Pereira Junior sustenta a tese de que a vítima, Itaberli Lozano, de 17 anos, era usuário de drogas e já havia ameaçado a família de morte.
A gerente de supermercado Tatiana Lozano Pereira, de 32 anos, e o tratorista Alex Pereira, de 30, padrasto do adolescente, estão presos há 15 dias. Tatiana é suspeita de matar o filho esfaqueado, com a ajuda de outros dois jovens, que também estão presos.
Já Alex, segundo a Polícia Civil, é suspeito de ajudar a mulher a queimar o corpo de Itaberli em um canavial às margens da Rodovia José Fregonezi. Os restos mortais foram encontrados em 7 de janeiro, dez dias após o crime.
“O Itaberli era um menino complicado. Eu tenho conversas dele no Facebook ameaçando os familiares. Uma das tias fez dois boletins de ocorrência contra ele por ameaça de morte. A mãe e o menino brigavam muito por causa dessas coisas”, diz o advogado.
Apesar da alegação, a Delegacia Seccional de Ribeirão Preto (SP) informou, em nota, que não há boletins de ocorrência contra Itaberli no sistema da Polícia Civil.
O Ministério Público considera que o crime foi motivado por homofobia. Para o promotor, a mãe não aceitava o fato de o filho ser homossexual. Já a Polícia Civil sustenta a tese de conflito familiar, alegando histórico de agressões entre ambos.
'Corretivo'
O novo advogado do casal admite que Tatiana contratou dois jovens para dar “um corretivo” no filho, mas nega que a mãe tenha dado as facadas que mataram Itaberli na madrugada de 29 de dezembro. Segundo Pereira Junior, os golpes foram desferidos pelos outros suspeitos.
Victor Roberto da Silva, de 19 anos, e Miller da Silva Barissa, de 18, foram presos no dia 13 de janeiro, após segundo depoimento da mãe. Ambos estão presos na cadeia de Santa Rosa de Viterbo (SP) e, segundo a Polícia Civil, ainda não têm advogado constituído.
Uma adolescente de 15 anos também é investigada por participação no crime, mas não está detida. Ela é namorada de Silva e, de acordo com o Ministério Público, também responderá por homicídio qualificado, assim como a mãe, o padrasto e outros dois jovens.
“Foi o Miller quem deu a facada que matou o menino. Na hora, a mãe estava nas imediações da casa, mas não dentro do quarto. A mãe disse em depoimento que o menino gritou: ‘mãe, não me deixa morrer’. Ela não queria matá-lo, queria dar um corretivo”, afirma o advogado.
Ocultação de cadáver
O novo advogado mantém a versão de que o padrasto da vítima, o tratorista Alex Pereira, teria ajudado a mulher a queimar o corpo de Itaberli em um canavial. Entretanto, Pereira Junior nega que o homem tenha participado do homicídio.
“O padrasto é um coitado, ele só chora. De todas as pessoas, se tem alguém que não tem nada a ver é ele. Ele vai responder por ocultação de cadáver. A mãe pediu para os caras darem um corretivo no Itaberli. Só que eles mataram o menino”, alega.
Pereira Junior também nega que o crime tenha sido motivado por homofobia. O advogado afirma que a família sempre aceitou a sexualidade de Itaberli e defende que os conflitos entre ele e Tatiana eram motivados pelo comportamento agressivo do jovem.
“A mãe e o menino brigavam muito porque o Itaberli era usuário de drogas, e tinha muitos problemas na cidade. Ela realmente o procurou para fazer as pazes, mas os outros dois estavam lá para ‘dar um corretivo’ nele”, diz.
O crime
O corpo de Itaberli Lozano, de 17 anos, foi encontrado carbonizado em um canavial em Cravinhos em 7 de janeiro. A família registrou um boletim de ocorrência relatando o desaparecimento do adolescente dois dias depois.
Na quarta-feira (11), a mãe e o padrasto foram presos e confessaram o crime. Inicialmente, Tatiana disse que discutiu com o filho dentro de casa, o esfaqueou na madrugada de 29 de dezembro e, com a ajuda do marido, queimou o corpo no canavial.
Em um segundo depoimento, a mãe voltou atrás e contou que havia aliciado dois jovens para darem um “corretivo” no filho, mas sem a intenção de matá-lo. Tatiana disse que ligou para Itaberli, que estava na casa da avó paterna, alegando que queria se reconciliar.
Um dos rapazes confessou ter espancado Itaberli, enquanto o outro disse que apenas conversou com o jovem. Segundo a Polícia Civil, no entanto, ambos espancaram e enforcaram a vítima. Em seguida, a mãe esfaqueou o próprio filho.
A dupla foi presa na sexta-feira (13) e levada à cadeia de Santa Rosa de Viterbo (SP). No mesmo dia, Tatiana foi transferida da cadeia de Cajuru (SP) para a Penitenciária de Tremembé (SP). O padrasto da vítima continua preso na cadeia de Santa Rosa de Viterbo
Fonte: G1