O lateral direito Daniel Alves admitiu que a seleção não vem bem, o que se agravou depois da derrota para o Chile por 2 a 0 na noite de quinta-feira na estreia das eliminatórias para a Copa de 2018, na Rússia.
Mas o jogador do Barcelona pede que os torcedores não misturem o momento da equipe com a turbulência política que passa o país.
"Estamos apresentando a seleção. A gente sabe que não estamos com essa credibilidade, mas a gente está insistindo para ter essa estabilidade, retomar a confiança. Se é que a gente pode pedir, eu queria falar que a seleção não pague o pato no Brasil. Da revolta do brasileiro com outras coisas. Amamos estar aqui", disse o lateral.
E continuou.
"A gente sabe que há uma desconfiança coma seleção, com os jogadores que aqui estão, mas mais do que ninguém, mais do que qualquer outro brasileiro a gente quer que isso tenha uma fluidez enorme, que tenha um sentido legal porque no final também somos muito orgulhosos de ser brasileiros", disse.
O lateral concordou que o fato de muitos jogadores irem para o exterior cedo, antes mesmo de pegarem identidade com o torcedor brasileiro, colabora com a falta de apoio da torcida. Ele pondera que é difícil fazer uma carreira de sucesso se não for para o exterior e aproveitou para fazer novas críticas à organização do país.
"Dada à circunstância do futebol brasileiro, impede que você consiga fazer uma grande carreira no Brasil. Eu quero deixar claro que apesar de jogar fora, eu sou tão brasileiro como os outros. Esse orgulho de vestir essa camisa, de estar na seleção é superior. Pode ser que exista um distanciamento, mas somos empurrados a isso", afirmou. "Os clubes não preparam para subir, preparam para vender. Isso é moeda de troca. Se tivesse mais certeza e segurança em organização seria diferente. Mas isso não muda o jeitinho brasileiro, o orgulho".
DUNGA DÁ APOIO A DANIEL ALVES E RESPONDE RONALDO
Assim que saiu da coletiva, Daniel Alves deu espaço para que DUnga comentasse o mesmo tema. O treinador lembrou de 1950 e disse que entende os torcedores que criticam a falta de identidade com a seleção.
"Nós passamos por uma situação parecida com 1950. Eu não vivi, mas li. E tudo o que o país passa agora, acaba cobrando ainda mais a seleção porque a seleção sempre foi um cartão de visita. Mas veja bem. Eles viajam nove, 10 horas para atuarem aqui, são ídolos lá fora e deixam a família aqui no país. Claro que isso tem um preço a pagar. Mas veja o orgulho que é de estarem aqui. O Daniel Alves até falou, que está com o ídolo dele que era o Cafu", analisou.
O treinador ainda aproveitou para rebater as críticas que a seleção tem recebido recentemente sobre a falta de credibilidade vinda de ex-jogadores. Depois de Romário, foi a vez de Ronaldo disparar contra o time.
"Será que eles não passaram pela mesma situação? Não passaram por problemas e foram vencedores. A situação é essa. Os que estão do outro lado precisam se colocar no nosso lugar. Os que já estiveram aqui também", falou.
Fonte: UOL