Morar sozinha em uma cidade nova contribuiu com a sensação de insegurança da universitária Carolina Vilas Boas. Longe da família e dos amigos, a quem poderia procurar em caso de problemas, a jovem de 23 anos não pensou duas vezes ao recorrer a dispositivos digitais para se sentir mais segura ao andar na rua – ou pelo menos ter a quem pedir ajuda em caso de risco de assalto ou estupro em Campinas, para onde se mudou em fevereiro.
“Em uma emergência eu poderia ligar para a minha mãe, mas o que ela faria de outra cidade?” Pensando nisso, Carolina aderiu ao serviço da startup Nearbee, uma rede que integra um aplicativo para receber ajuda, monitoramento pessoal via GPS e um dispositivo wearable device, chamado de Alfabee, que pode ser usado como chaveiro ou colar e é conectado ao smartphone do usuário. O dispositivo funciona de forma semelhante ao botão do pânico – basta um clique e, instantaneamente, uma chamada emergencial é criada no aplicativo.
“O botão me dá a segurança de acionar ajuda rapidamente e em qualquer situação, desde casos mais críticos até ações preventivas”, conta. A universitária acredita que ele é bastante eficiente para casos que fogem do controle da polícia, como quando cruza com alguém com atitude suspeita na rua, especialmente à noite. “Nesse caso, só preciso da ajuda de pessoas próximas ou da central me monitorando para agir ativamente se for necessário.”
O criador da Nearbee, Felipe Fontes, explica que desenvolveu essa rede com o princípio de segurança colaborativa e georreferenciada, na qual o usuário pode receber ajuda a partir da conexão com a central de monitoramento, pessoas próximas, amigos e outros profissionais integrados ao sistema. “Quando alguém está em perigo, precisa avaliar quem deve acionar primeiro: a polícia, amigos e familiares ou as pessoas próximas. Com a Nearbee, o usuário aciona todos ao mesmo tempo em apenas um clique no botão.” Lançado oficialmente no início do ano, o aplicativo tem cerca de 14 mil usuários e está disponível para Android e iOS gratuitamente. Já o dispositivo do Alfabee custa R$ 99,90 e a mensalidade do monitoramento, R$ 19,90.
Apropriar-se da conectividade digital contribui para construir cidades mais inteligentes, acredita Fontes. “É por isso que o setor privado, o poder público e a organização civil começam a se organizar para oferecer melhorias aos cidadãos.” Esse é o caso da parceria público-privada entre a Nearbee e a Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) do Rio de Janeiro, que resultou no lançamento do aplicativo Emergência RJ em setembro. O app, que está disponível para a região metropolitana do Rio, oferece atendimento digital do serviço 190 e facilita a identificação imediata, localização exata e envio automático de áudio gravado (com até 15 segundos).
Segundo a secretaria, só no primeiro mês de lançamento foram feitos 7.400 downloads. O subsecretário de Comando e Controle da Seseg, Edval Novaes, afirma que a intenção é ampliar este alcance e beneficiar cerca de 12 milhões de moradores da capital.
*Raisa Giovana Garcia foi finalista do 11º Prêmio Santander Jovem Jornalista.
A fase final e a cerimônia de premiação ocorreram na quinta-feira, 8, na sede do banco, com a participação do diretor de Jornalismo do Grupo Estado, João Caminoto e de Marcos Madureira, vice-presidente executivo de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander. Os finalistas receberam laptops e garantiram a publicação de suas matérias.
Fonte: Estadão