O empresário Giovani Guizardi, em colaboração premiada firmada com o Ministério Público Estadual (MPE), afirmou que o presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Maluf, e o deputado federal Nilson Leitão, ambos do PSDB, integravam o “núcleo de agentes políticos” da organização criminosa montada para desviar dinheiro da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).
A informação consta no termo de declaração do empresário, que é proprietário da Dínamo Construtora, e cujo o depoimento foi dado no dia 16 de novembro aos promotores de Justiça do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado).
Na delação, o empresário disse que Leitão foi o responsável pela indicação do ex-secretário Permínio Pinto (PSDB) para comandar a Seduc. Ele teria indicado também o ex-servidor Fábio Frigeri.
Guizardi foi preso em maio deste ano, durante a Operação Rêmora, sob a acusação de gerir o esquema de fraudes em licitações e propina na secretaria. Ele foi solto nesta semana e passou a cumprir prisão domiciliar, após firmar a delação.
Operacionalização
Em seu depoimento, o empresário disse que os pagamentos de propina aconteciam sempre em dinheiro e eram realizados pelos empresários que aderiram ao esquema.
Do total da propina, segundo ele, 25% eram destinados ao deputado Guilherme Maluf, que “tinha o real poder político dentro da Seduc”.
O proprietário da Dínamo detalhou que Guilherme Maluf “estaria ciente das ações da organização criminosa”, o que lhe foi confirmado pelo empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, que também atuava no esquema, conforme o delator.
Em depoimento, Guizardi disse ainda que, em duas oportunidades, entre os meses de junho e outubro de 2015, solicitou ao engenheiro eletricista Edézio Ferreira que ele fosse até uma agência bancária do Itaú, localizada na região central de Cuiabá, para realizar pagamentos “pulverizados” que totalizavam R$ 20 mil.
“Essa pulverização se deu da seguinte forma: em cada uma das oportunidades foram realizados vários depósitos que, somados, atingiam R$ 10 mil; essa determinação partiu de Permínio Pinto, em favor de Nilson Leitão”, diz trecho da delação.
Essa pulverização se deu da seguinte forma: em cada uma das oportunidades foram realizados vários depósitos que, somados, atingiam R$ 10 mil; essa determinação partiu de Permínio Pinto, em favor de Nilson Leitão
No depoimento, Guizardi disse também que o empresário Leonardo Guimarães, dono da JER Construtora, teria pago propina mediante a entrega de cinco cheques, que teriam sido destinados a uma gráfica localizada na Avenida Carmindo de Campos, em Cuiabá.
O valor, não mencionado por ele, teria sido utilizado para quitar dívidas de campanha.
Guizardi disse acreditar que a dívida seria da campanha do deputado Nilson Leitão, já que ele era o político ligado ao ex-secretário Permínio.
Outro lado
Por meio de nota, divulgada na noite desta quinta, Nilson Leitão rebateu as acusações. Segundo o texto, o deputado federal "não conhece o delator e nunca teve nenhum contato com ele".
Disse ainda que nunca participou de qualquer reunião com político, secretário ou construtora para tratar de obras na Seduc.
Fonte: Mídia News