Economia

O futuro da produção de milho em debate

O Brasil é atualmente o terceiro maior produtor de milho do mundo, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O País pode superar esse pódio, já que todos os anos são batidos recordes de produção em todo Brasil, e principalmente em Mato Grosso, um dos principais produtores do país.

Para discutir o futuro da produção, comercialização e tecnologia utilizadas neste segmento, será realizado em Cuiabá o “Mais Milho”, evento inédito que ocorre no próximo dia 9 de dezembro. A programação do evento conta com quatro painéis, no qual o milho e suas possibilidades estarão no centro das discussões.

O evento irá contar com a presença do Ministro do Mapa, Blairo Maggi, que irá participar do painel “As políticas do Mapa para a cultura do milho”. No mesmo painel estarão presentes o líder da América do Sul pela Cargill, Paulo Sousa e representantes da BR Foods, JBS e Sindirações.

Para o vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho, Glauber Silveira, o “Mais Milho” pode ser um divisor de água no protagonismo brasileiro na produção de alimentos. “O mundo vai precisar cada vez mais de milho. Em Mato Grosso, por exemplo, temos superávit. Mas o objetivo é exatamente discutir como podemos fazer para termos mais produção, mais mercado e mais valor”, explica Glauber Silveira. 

Para Silveira, é importante entender o ponto de vista de quem está na iniciativa pública, como o ministro Blairo Maggi, e também de quem comercializa os produtos, como é o caso da Cargill. “O painel pode auxiliar a entender como poderíamos estreitar as relações entre quem compra e quem comercializa o milho. Por que uma empresa como a Cargill não pode pegar o produto aqui em Mato Grosso e levar até Santa Catarina ou Rio Grande do Sul? Ela pode ser a intermediária e garantir a segurança do preço do milho para o produtor”.

Outro painel que irá discutir a tecnologia para aumentar a produtividade será o ‘Mais Produção – As tecnologias e manejo para a produção de milho’. Neste painel estará presente o presidente da Monsanto, Rodrigo Santos, que irá discutir os futuros lançamentos no mercado. Atualmente a Monsanto detém 50% do mercado de sementes de milho no Brasil. Neste painel, ainda contará com a presença de representantes da Embrapa, Aprosoja e Senar.

Outros dois painéis são “Mais Mercado – O Cenário do Mercado do Milho para 2017” e “Mais Valor – Como podemos diversificar e agregar valor à cultura do milho”.  Nestes painéis estarão presentes representantes da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BMF), Associação Brasileira de Produtores de Milho e Soja (Aprosoja), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Ainda contará com o diretor da Wedekin Consultores, Ivan Wedekin, o diretor geral da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), Cérsar Costa, e o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller.

O evento é organizado pela Abramilho, em parceria com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) e Canal Rural, a entrada será gratuita e as inscrições já estão abertas. 

Foco no etanol de milho

O painel “Mais Valor – Como podemos diversificar e agregar valor à cultura do milho” terá como foco a produção de etanol a partir do milho. Para Silveira, o “Mais Milho” deve se tornar um marco na discussão sobre o que o Brasil faz e pode fazer com o milho. “A Aprosoja, Abramilho, e o Estado de Mato Grosso, como sempre, estão sendo protagonistas. Protagonistas com um projeto, junto ao Canal Rural, que certamente terá uma contribuição nacional. Assim como o caso da Soja Brasil, nosso Estado lança um projeto que terá repercussão em outros estados”, diz Silveira. 

Neste painel estarão presentes o secretário adjunto de Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies, que trará um ‘super case’ de sucesso com o milho. O superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Daniel Latorraca, e representantes da Novozymes e Usimat, que irá mostrar a experiência pioneira com produção de etanol de milho no Brasil.

Plantio do sorgo é opção para produtor

Com custo de produção inferior ao do milho, o sorgo voltou a ser discutido pelo agronegócio durante o I Simpósio de Culturas Alternativas, realizado em Rondonópolis. A cultura pode complementar a segunda safra no Estado. 

De acordo com o pesquisador melhorista do Núcleo de Recursos Genéticos e Obtenção de Cultivares da Embrapa Milho e Sorgo, Flávio Tardin, as características positivas do sorgo vão além.

“O sorgo pode ser uma extensão do plantio de safrinha, principalmente por suas características hídricas. Ou seja, o plantio da cultura utiliza menos água, além de sua janela ser maior que a do milho. Isso significa opção ao produtor, que pode, por exemplo, plantar o milho até o dia 20 de fevereiro e o sorgo até 10 de março”, explica.  

A produtividade e o mercado do sorgo são pontos atrativos, que podem chamar atenção do produtor mato-grossense, explica o gerente de Defesa Agrícola da Aprosoja, Thiago Moreira. Para ele, o sorgo pode chegar a uma produtividade de 100 sacas por hectare e o mercado paga 90% do valor do milho.

“Outra característica relevante da cultura é o seu uso na nutrição: na alimentação humana o sorgo auxilia no controle da obesidade, sendo usado inclusive em barras de cereal. E ele também pode ser componente em rações de animais”, afirma Thiago Moreira. 

Porém, o plantio da cultura ainda é incipiente em MT. De acordo com dados de 2013 do Imea, foram cultivados 61.234 hectares, enquanto a produção de milho ocupou 4,250 milhões de hectares na última safra no Estado. 

Para o diretor técnico da Aprosoja, Nery Ribas, o sorgo é uma grande alternativa, pois aperfeiçoa e viabiliza a segunda safra de milho. “O produtor não pode e não precisa ter medo de arriscar o plantio. Hoje há bastante pesquisa sobre sorgo e ele é uma cultura que traz benefícios ao solo e aos produtores. Certamente quem tentar tem grandes chances de sucesso”, afirmou Ribas.

(Com Assessoria)

Felipe Leonel

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