Economia

Distribuidores de insumos agropecuários alertam para aumento de roubos

Impulsionados pela alta do dólar, os defensivos agrícolas têm sido alvo de ações de roubos planejados por quadrilhas organizadas nas propriedades rurais e nas revendas de insumos agropecuários pelo país. Em agosto, a Andav (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários), formalizou um manifesto do setor direcionado ao  Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e autoridades estaduais.
 
Além do pedido da intensificação prática do combate ao crime organizado, a Associação apontou a necessidade da criação e divulgação de uma lista contendo as empresas e empresários receptadores de carga, que não devem ter direito a concessão de crédito, além do cumprimento efetivo de todas as medidas legais previstas em lei.
 
Na última terça-feira, dia 25 de outubro, diretores da Andav estiveram em Brasília, representando todos seus Associados, em reunião com os deputados federais Jerônimo Goergen, autor do Projeto de Lei 2079/2015, que incluiu no rol dos crimes hediondos o roubo, furto, receptação e contrabando de agroquímico e Alceu Moreira, relator do mesmo Projeto.
 
“A proposta se encontra na última etapa legislativa na Câmara dos Deputados, pronta para votação, prevista para os próximos dias, na CCJ – Comissão de Constituição e Justiça, onde tem parecer favorável para aprovação. Se aprovada, segue para o Senado. Embora as polícias estejam atuando, os números de ocorrências nas revendas não param de crescer por todo o país”, explica Henrique Mazotini, presidente executivo da ANDAV.
 
Na sequência, a comitiva ANDAV, composta por 12 representantes dos estados de Pernambuco, Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás, São Paulo, Paraná e Distrito Federal, se reuniu com o Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e com o Secretário de Política Agrícola, Neri Geller, que estão empenhados em agilizar a aprovação do projeto. “O encontro foi para discutir as preocupações da Associação quanto ao roubo de agroquímicos, do seguro rural e das linhas de crédito rural especiais para o sistema da distribuição para favorecer o agricultor. Não podemos mais esperar porque o revendedor e o produtor estão sofrendo muitos assaltos no campo e isso é generalizado, em praticamente todos os estados”, aponta Mazotini. 
 
Entre janeiro e outubro deste ano, os Associados ANDAV registraram ocorrências no Paraná, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, São Paulo, Ceará, Tocantins, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. Entre os Associados ANDAV, foram contabilizadas 15.200 embalagens roubadas, o que significa menos 16 milhões de hectares tratados, aumento dos riscos no transporte e ambientais e maior preocupação com a segurança alimentar.
 
Mas é o perfil dos assaltos que preocupa bastante. Em média, cada ação resulta em um prejuízo de 793 mil reais para o distribuidor. Os produtores também mudaram seus hábitos, estão cada vez menos estocando produtos, principalmente defensivos, e transferindo o armazenamento para o revendedor. “É uma situação que tem vários desdobramentos para o distribuidor. Primeiro porque se torna alvo das quadrilhas especializadas e depois pelo custo de incluir segurança diária em seus negócios, encarecendo-o. Por fim, há muita dificuldade de trabalhar com estoques altos e de conseguir um seguro viável que preconize esse atual perfil do distribuidor de insumos agropecuários”, analisa Mazotini.
 
Ainda segundo o presidente, a compra de produtos sem recomendação técnica é proibida e pode causar danos, não só no âmbito econômico, mas para o meio ambiente e população. A receptação e a compra desses produtos também não podem ser encaradas como uma medida que alivia os efeitos da crise financeira do país.
 
Conheça o projeto que transforma em hediondos crimes envolvendo defensivos

O coordenador institucional da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), protocolou o Projeto de Lei 2079/2015, que incluiu no rol dos crimes hediondos o roubo, furto, receptação e contrabando de agroquímicos. Além do roubo de defensivos no mercado interno, o PL visa coibir a entrada ilegal de produtos comercializados nos países vizinhos e que não dispõem de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para o autor da proposta, essa prática causa um duplo problema: riscos à saúde humana e ao meio ambiente.

“Seja o produto contrabandeado ou roubado internamente, o manuseio dele por quem o recebe acaba não tendo o devido controle técnico daquele comprado legalmente. E depois ainda têm as embalagens que precisam ser descartadas corretamente. Neste caso, acabam sendo enterradas para que não sejam descobertas”, alerta.

O crime hediondo é um dos atos passíveis de punição que possui tratamento mais severo pela Justiça, assim como crimes de estupro, homicídio, latrocínio e tráfico de drogas. Após condenação, os envolvidos deixam de ter direito a pagamento de fiança, anistia, graça e indulto. A pena é mais elevada que os crimes comuns e deve ser cumprida inicialmente em regime fechado. 

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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