Os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,29 bilhão em agosto e, com isso, registraram pequeno crescimento de 2,3% em relação ao mesmo mês do ano passado – quando totalizaram US$ 1,26 bilhão. Os números foram divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (26).
Foi a primeira vez desde janeiro de 2015 que as desdesas de brasileiros lá fora cresceram nesse tipo de comparação, com o mesmo mês do ano anterior. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, o resultado está relacionado principalmente com a queda do dólar no decorrer deste.
"A trajetória da taxa de câmbio determina em grande parte os custos lá fora, mas a confiança do consumidor também vem se recuperando nos últimos meses", declarou.
Embora ainda esteja mais valorizado que nos últimos anos, o dólar recuou 18,2% no acumulado de 2016 e chegou a final de agosto cotado a R$ 3,22. No fim do ano passado, estava em R$ 3,94. Com a queda do dólar, as passagens, hotéis e compras no exterior também ficam mais baratos.
Maciel informou que o BC já vem identificando alta nos gastos de brasileiros no exterior também em setembro, mas observou que o patamar de despesas lá fora ainda está "bem reduzido" frente a anos anteriores.
"Estamos reagindo, mas partindo de uma base reduzida", disse ele. O recorde histórico de gastos para o mês de agosto aconteceu em 2014, quando somaram US$ 2,35 bilhões.
Acumulado do ano
Já no acumulado dos oito primeiros meses deste ano, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 9,18 bilhões. Na comparação com o mesmo período do ano passado, quando as despesas lá fora ficaram em US$ 12,87 bilhões, a queda foi de 28,6%.
O baixo nível das despesas de brasileiros no exterior acontece em meio à crise econômica no país, ao aumento do desemprego e à queda da renda das famílias. Também contribuem para esse movimento a alta da inflação e o elevado nível de endividamento das famílias, além do dólar ainda relativamente alto frente aos últimos anos.
A valorização do dólar também aumenta o valor de despesas com cartões de crédito e débito no exterior – que sofrem ainda a incidência do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) de 6,38%.
Valor dos últimos anos
Com a disparada do dólar em 2015, os gastos de brasileiros no exterior caíram para US$ 17,35 bilhões – o menor valor para um ano fechado desde 2010. Entre 2010 e 2014, os gastos de brasileiros no exterior haviam subido continuamente.
Até 1994, quando foi criado o Plano Real para conter a hiperinflação no país, os gastos de brasileiros no exterior não tinham atingido a barreira dos US$ 2 bilhões (pela série histórica antiga). Mas, naquele ano, quando o real foi equiparado ao dólar, as despesas somaram US$ 2,23 bilhões. Entre 1996 e 1998, elas oscilaram entre US$ 4 bilhões e US$ 5,7 bilhões.
Com a maxidesvalorização cambial de 1999, o dólar ultrapassou os R$ 3 em um primeiro momento e as despesas lá fora também ficaram mais caras. O gasto voltou a recuar e, naquele ano, se aproximaram dos US$ 3 bilhões.
Despesas de estrangeiros no Brasil
De acordo com os números do Banco Central, em agosto, os moradores de outros países gastaram US$ 602 milhões no Brasil – o que representa aumento frente ao mesmo mês do ano passado, quando somaram US$ 436 milhões.
Recentemente, o BC estimou que haveria um incremento de despesas de estrangeiros no Brasil nos últimos meses por conta da Olimpíada. A previsão era de que turistas gastariam cerca de US$ 200 milhões a mais no país entre julho e setembro.
No acumulado deste ano até agosto, as despesas de estrangeiros no Brasil também cresceram, atingindo US$ 4,22 bilhões. No mesmo período do ano passado, foram gastos aqui US$ 3,84 bilhões.
Fonte: G1