Estudantes sobem no Monumento às Bandeiras, no Ibirapuera, durante protesto (Foto: Roney Domingos/G1)
Estudantes faziam um protesto contra desvios de verba para a merenda, contra o fechamento de escolas e por melhores condições de educação nesta terça-feira (29), em São Paulo. O ato ocorreu no mesmo dia em que a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual realizaram a segunda fase da Operação Alba Branca, que investiga a suspeita de fraude em licitações da merenda escolar em 22 cidades paulistas. Sete pessoas foram presas.
Os alunos se reuniram na esquina das avenidas Paulista com a Brigadeiro Luís Antônio, de onde partiram em caminhada para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), na Zona Sul.
No trajeto, os manifestantes escalaram o Monumento às Bandeiras, próximo ao Parque do Ibirapuera. Um grupo de alunos foi autorizado a entrar no prédio da Alesp. Eles foram revistados por policiais militares e impedidos de entrar com bolachas.
Parte dos estudantes ficou na porta da Assembleia. Às 16h40, eles ocuparam a Avenida Pedro Álvares Cabral, nos dois sentidos. A Polícia Militar tentou retirar os manifestantes da via, mas os jovens seguiram na avenida. Carros que vinham por lá tiveram de voltar na contramão. Depois disso, os manifestantes liberaram o sentido Jardins da via. Às 17h20, eles seguiram para a via sentido Aeroporto. Pouco depois, decidiram seguir pela Brigadeiro em direção à Avenida Paulista.
Operação
A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual realizam na manhã desta terça-feira (29) a segunda fase da Operação Alba Branca, que investiga a suspeita de fraude em licitações da merenda escolar em 22 cidades paulistas nos últimos dois anos.
Em nota, a Delegacia Seccional de Bebedouro (SP), sede da operação, informou que sete mandados de prisão e dez de busca e apreensão foram cumpridos desde as 6h em Bebedouro, Barretos (SP), Severínia (SP), Campinas (SP) e na capital paulista.
O promotor Leonardo Romanelli confirmou ao G1 que entre os presos estão o ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) Leonel Julio (1975-1976) e o atual presidente da União dos Vereadores do Estado (Uvesp), Sebastião Misiara, ambos presos em São Paulo.
O G1 tentou contato com Misiara, mas ninguém atendeu na Uvesp. Tentou ainda contato com advogado que já representou Misiara em outros processos, mas não conseguiu encontrá-lo. O G1 não conseguiu localizar ainda o atual advogado de Leonel Julio.
Veja lista dos presos na Operação Alba Branca nesta terça-feira:
– Sebastião Miziara, presidente da Uvesp
– Leonel Julio, ex-presidente da Alesp
– Emerson Girardi
– Aluísio Girardi Cardoso
– Joaquim Geraldo Pereira da Silva
– Carlos Eduardo da Silva, ex-diretor da Coaf
– Luis Carlos da Silva Santos
O G1 procura os advogados dos outros detidos.
Por telefone, o atual presidente da Coaf, Nilson Fernandes, negou qualquer envolvimento da atual gestão, empossada em fevereiro, na fraude investigada. Segundo Fernandes, dos 29 funcionários que atuam na Cooperativa hoje, apenas quatro são da gestão anterior. "Estamos acreditando que a Justiça será feita", disse.
O caso
O esquema começou a ser investigado no segundo semestre do ano passado. Em 19 de janeiro, seis suspeitos foram presos: o presidente da Coaf, Carlos Alberto Santana da Silva, o ex-presidente Cássio Chebabi, o diretor Carlos Luciano Lopes e os funcionários Adriano Gilberto Mauro, Caio Pereira Chaves e César Bertholino. Após acordo de delação, todos foram soltos.
Segundo a polícia e o MP, os suspeitos relataram um esquema envolvendo pagamento de propina a funcionários públicos e deputados estaduais para que licitações destinadas à compra de merenda escolar fossem fraudadas em benefício da Coaf, com sede em Bebedouro.
Entre os investigados estão o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Fernando Capez (PSDB) e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como Moita. Ambos negam as acusações, bem como qualquer vínculo com a Coaf.
Ainda de acordo com os interrogados, as propinas variavam entre 10% e 30% do total do contrato que seria firmado entre a Coaf e a prefeitura, e esse valor era acrescido no preço final, o que ocasionava um superfaturamento dos produtos negociados.
O delegado seccional de Bebedouro, José Eduardo Vasconcelos, explicou que a investigação do caso teve início após um ex-funcionário da Coaf procurar o 1º Distrito Policial da cidade para denunciar o suposto esquema.
Fonte: G1