Cidades

Evento promove Rede que oferece comida boa, limpa e justa

Chipa, pão de queijo, bolos diversos, biscoitos, doces, canja, queijos, iogurtes e até cachaça. Essas e diversas outras delícias rechearam o primeiro evento da ONG Slow Food Cuiabá. O chá das 17h, tradicional não só na Inglaterra, mas também na Capital mato-grossense, trouxe aos cuiabanos o conceito Slow Food na prática. Com alimentos regionais, produzidos por empresários regionais, o evento apresentou uma proposta de alimentação fresca e saborosa, que respeita a natureza, a saúde humana e valoriza o pequeno produtor.

O fim da tarde no restaurante “Mãe Natu” reuniu 50 pessoas, no dia 25 de fevereiro. O mestre em queijos e líder da ONG Slow Food, Stefano Pollaccia, explica que o objetivo do evento é divulgar o trabalho para o grande público e levar pequenos produtores para a organização. “A ideia desse chá da tarde surgiu a partir de uma das refeições mais clássicas que tem em Cuiabá. E ainda serve para aproximar as pessoas”.  

O mestre queijeiro ainda acrescenta que “esse tipo de evento serve para que as pessoas saibam que há produtos muitos bons em Cuiabá, só não são conhecidos. Não há necessidade de comprar de São Paulo, Rio de Janeiro, ou da Itália”.

De acordo com a proprietária do Restaurante Mãe Natu, Nivalda Reis, e membro da ONG, as pessoas fazem uma confusão sobre o que é o “slow food”. “Elas acham que é comer ‘devagarzinho’. E não é isso. É preparar o alimento dentro do tempo dele. Você pode até comer correndo em um restaurante slow food, apesar de não ser isso o recomendado. Agora, o procedimento dessa comida é tranquilo e com uma execução do trabalho feita com tranquilidade. Não gostamos de cozinhas estressantes e sufocantes”, afirma a proprietária.

O pecuarista Joaquim Junqueira entrou para o Slow Food a convite do Pollaccia. O produtor de queijos e de doce de leite de búfala há mais de 10 anos revela que sempre fabricou nos preceitos da ONG e por isso foi fácil aderir ao movimento. “No início do meu negócio trouxe gente para treinar os meus funcionários e sempre fiz tudo correto. Entrar no SlowFood foi simples. A rede está crescendo, cada dia entra gente nova”, conclui. 

O produtor de vegetais e condimentos, Marcos Sguarezi, é um dos vários produtores e associados do Slow Food Cuiabá. Sguarezi produz vegetais e condimentos do Sítio Monjolinho, mas a menina dos olhos do produtor é a Cachaça “Geodésica”. 

Feita dentro dos moldes do Slow Food, a cachaça está no mercado há cinco anos, e é um produto genuinamente mato-grossense. “O objetivo é ter um produto especial, para presentear. Fizemos uma embalagem diferenciada, com um lado em português, o outro em inglês. E o objetivo é que o turista que vem a Mato Grosso possa levar a Geodésica para seu lugar de origem. É um produto exclusivo e não vai ser encontrado em nenhum outro local”.

Segundo o produtor, a cachaça possui baixa acidez, e agrada até paladares mais delicados. “Mesmo o paladar feminino, que não está habituado a bebidas destiladas, aprecia essa cachaça com tranquilidade”, revela. Ele afirma que novos produtos no conceito slow food estão sendo criados. “Licores, açúcar mascavo, barras de cereais, doces em compotas”.

CONCEITO

Slow Food é um movimento criado na Itália, no fim dos anos 80, por Carlo Petrini, para resgatar o trabalho artesanal e valorizar o pequeno produtor. “São três critérios para uma comida ser slow food: bom, limpo e justo. Bom, porque o produtor tem que oferecer um produto de alta qualidade. Limpo, porque tem que haver respeito pelo meio ambiente e às pessoas e aos animais. Por exemplo, uma vaca não pode virar uma máquina de produzir leite. E justo, para que o produtor possa se sustentar com dignidade”, explica Pollacia.

SLOW FOOD CUIABÁ

Há uns anos, o mestre queijeiro Stefano Pollaccia trouxe a ideia do Slow Food para Cuiabá em sua Osteria. Solitário no movimento, foi a São Paulo concorrer a uma disputa de queijos artesanais. “Nessa ida, consegui trazer a Cuiabá duas medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze, pelos queijos artesanais produzidos aqui”, revela.

Após a conquista, junto ao professor de gastronomia da Unic, João Carlos, e outras pessoas, fundaram burocraticamente o Slow Food Cuiabá. Nas premissas da ONG mundial, é necessário ao menos cinco pessoas e mais um líder. “Desde sua criação, o grupo estava um pouco paradinho, em dezembro de 2015 assumi a liderança e comecei a trabalhar para fazer o primeiro evento e trazendo mais associados”.

FUTURO

O projeto de Stefano Pollaccia é que a cada 15 dias haja um evento para a divulgação do Slow Food. Os encontros devem ser realizados em diversos lugares. “Pode ser na minha casa, em um bistrô, na praça em Chapada, em qualquer lugar”. 

O próximo evento é a “Quitanda Slow Food”. Lá, o cliente poderá comprar produtos direto do produtor e até fazer degustação de vários alimentos. A Quitanda ocorre no restaurante Galeto Cuiabano, dia 16 de março (quarta-feira), das 18h às 21h, e o valor de entrada é de R$ 10.

Stefano não para. O mestre queijeiro ainda está formando um grupo de cozinheiros chamado de “Aliança do Cozinheiro”, que terá como objetivo a motivação do uso de produtos nacionais, que respeitem os critérios do Slow Food. “A indicação é que o cozinheiro use produtos do nosso grupo, da nossa produção. Assim, ele serve uma cachaça em seu restaurante, produzida aqui, como a ‘Geodésica’. Não um produto italiano, francês”, explica. 

Cintia Borges

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