Surfer Blood, com o líder John Paul Pitts à esquerda e o guitarrista (afastado para tratamento) Thomas Fekete do seu lado direito (Foto: Divulgação)
Não está fácil para o Surfer Blood. A banda de indie rock da Flórida, que apareceu cheia de elogios da imprensa alternativa há seis anos, sofreu duas baixas em 2014 e 2015. A primeira foi perder o contrato com a multinacional Warner, no ano passado. A segunda, muito mais grave e triste, foi a doença do guitarrista Thomas Fekete, revelada no início deste ano. Ele tem sarcoma, tipo de câncer raro e difícil de ser tratado.
Em vez de só reclamar e dizer "acaba, 2015", eles terminam o ano de cabeça erguida, como conta o vocalista e guitarrista John Paul Pitts ao G1. A nova independência é aproveitada no disco "1000 Palms", que sai no Brasil pelo selo Lab 344. Já o câncer do guitarrista é enfrentado com várias campanhas de apoio e arrecadação.
A ação mais recente para o guitarrista é feita através de um álbum beneficente com faixas raras doadas por meio mundo do rock alternativo: Yo La Tengo, Guided By Voices, Cults, Real Estate, The Pains of Being Pure at Heart, Lou Barlow, Nick Diamonds, …And You Will Know Us by the Trail of Dead, The Drums e outros. Pitts falou ao G1 sobre o novo disco e as campanhas para o amigo:
G1 – Agora que vocês voltaram à independência, se arrependem de terem entrado no esquema da Warner?
John Paul Pitts – Era um contexto diferente. Éramos muito jovens, 22 anos. E pareceu a decisão mais certa assinar. Ter mais fãs, fazer meus pais felizes… Mas no final foi mais complicado do que pensamos. Não estávamos prontos para gravar nesse ambiente de pressão. No ano passado, nos vimos sem gravadora, e decidimos sair da zona de conforto.
G1 – E qual foi a diferença ao gravar o disco novo?
John Paul Pitts – Fizemos algo que tem nossas características, mas de um jeito diferente. Porque pudemos escrever sem ficar pensando em coisas como a duração da música, se tinha um refrão forte o suficiente. Acho que "1000 Palms" é cativante e acessível, mas nem todas as canções têm um refrão, naquele formato de rádio. O novo selo tem duas pessoas, sabemos com quem estamos trabalhar, com quem falamos. Antes ficávamos perdidos.
G1 – Você acha que falar em 'indie rock' volta a ter sentido hoje, com o rock menos popular nas rádios?
John Paul Pitts – Acho que é um termo ainda mais vago agora. Acho que identifica um tipo de som mais nostálgico, não sei. De toda forma, somos indies novamente.
G1 – Qual foi o papel de vocês nesta nova campanha das bandas para o Thomas?
John Paul Pitts – Falamos com as bandas, e elas terem aceitado foi uma das coisas mais generosas que puderam fazer. Uma coisa é doar dinheiro, outra é doar tempo, trabalho. Fiquei supreso e grato por essas bandas terem doado o tempo delas. Guided By Voices era uma das minhas bandas preferidas quando adolescente. Eles terem entrado nessa ação significa muito para mim. A luta do Thomas vai demorar, então estamos todos cuidando dele.
G1 – Quanto vocês conseguiram arrecadar no total para ele até agora? É verdade que foram assaltados e perderam parte desse dinheiro?
John Paul Pitts – Foram mais de US$ 100 mil para o tratamento dele que arrecadamos até agora. É bom poder esclarecer essa história do assalto. Estávamos em um estacionamento em Chicago, e isso infelizmente aconteceu. Mas não perdemos uma quantia grande, era só o que tínhamos arrecadados em poucos shows daqueles dias. Claro que não andamos por aí com todo o dinheiro.
Fonte: G1