Graciele está preso pela morte do menino Bernardo (Foto: Reprodução/RBS TV)
O delegado responsável pela investigação da morte da mãe do menino Bernardo, Marcelo Mendes Lech, ouve na manhã desta sexta-feira (9) a madrasta da criança, assassinada em abril de 2014. Graciele Ugulini chegou à delegacia de Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, pouco depois das 9h e começou a prestar depoimento menos de uma hora depois.
O teor do depoimento de Graciele não foi divulgado. Nem o delegado, nem a madrasta falaram com a reportagem no local. Por volta das 12h, Graciele entrou na van no pátio da delegacia e, sob forte esquema de segurança, partiu em direção à Penitenciária Estadual de Guaíba, onde ela aguarda julgamento.
Graciele era madrasta de Bernardo e é uma das quatro pessoas acusadas pelo assassinato do menino, em abril do ano passado. O corpo da garoto de 11 anos foi encontrado enterrado em um matagal na área rural de Frederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, onde ele morava com a família. Ele estava há 10 dias desaparecido.
Além de Graciele, o pai do menino, o médico Leandro Boldrini, e os irmãos Edelvânia e Evandro Wirganovicz são acusados de participar da morte do menino. Os quatro estão presos desde abril de 2014 e respondem por crimes como homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
A morte de Odilaine
A mãe de Bernardo foi encontrada morta em 2010, dentro da clínica do marido, o médico Leandro Boldrini, na cidade de Três Passos, no Noroeste do estado. À época, a polícia concluiu que ela cometeu suicídio com um tiro de revólver. Mas a defesa da mãe dela, Jussara Uglione, contesta essa versão e acredita que ela foi assassinada pelo ex-marido.
Em maio, a Justiça determinou a reabertura da investigação sobre a morte de Odilaine. O pedido foi aceito depois que uma perícia particular, contratada por Jussara Uglione, questionar a hipótese de suicídio. Laudos indicaram que a suposta carta de despedida da mãe de Bernardo teria sido forjada e também apontaram a presença de uma terceira pessoa dentro do consultório médico onde Odilaine morreu, onde em tese estariam apenas ela e o marido.
No início do mês, o inquérito sobre a morte de Odilaine foi prorrogado pela quarta vez. Segundo a Justiça, o motivo é a demora para a entrega dos laudos periciais da exumação do corpo de Odilaine – realizada em agosto – a da carta encontrada no local do crime. Até agora, cerca de 40 pessoas já foram ouvidas.
Essa é a quarta vez que o inquérito é prorrogado à pedido da polícia. O motivo seria a demora da entrega dos laudos periciais da exumação do corpo de Odilaine a da carta encontrada no local do crime, além do número de pessoas que foram ouvidas, aproximadamente 40. Em agosto, foi realizada a exumação do corpo de Odilaine.
Relembre o caso
– O corpo de Bernardo foi encontrado pela polícia no dia 14 de abril de 2014, enterrado em um matagal de Frederico Westphalen, a cerca de 80 km de Três Passos, onde a família residia. Ele estava desaparecido desde o dia 4 de abril.
– Bernardo Boldrini foi visto vivo pela última vez no dia 4 de abril de 2014 por um policial rodoviário. No início da tarde, Graciele foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.
– Um vídeo divulgado em maio do ano passado mostra os últimos momentos de Bernardo. Ele aparece deixando a caminhonete da madrasta, Graciele Ugulini, e saindo com ela e com a assistente social Edelvânia Wirganovicz. Horas depois, as duas retornam sem Bernardo para o mesmo local.
– Segundo as investigações da Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem do sedativo midazolan. Graciele e Edelvânia teriam dado o remédio que causou a morte do garoto e, depois, teriam recebido a ajuda de Evandro para enterrar o corpo. A denúncia do Ministério Público apontou que Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Conforme a polícia, ele também auxiliou na compra do remédio em comprimidos, fornecendo a receita. A defesa do pai nega.
– Em vídeo divulgado pela defesa de Edelvânia, ela muda sua versão sobre o crime. Nas imagens, ela aparece ao lado do advogado e diz que a criança morreu por causa do excesso de medicamentos dados pela madrasta. Na época em que ocorreram as prisões, Edelvânia havia dito à polícia que a morte se deu por uma injeção letal e que, em seguida, ela e a amiga Graciele jogaram soda cáustica sobre o corpo. A mulher ainda diz que o irmão, Evandro, é inocente.
Fonte: G1