Depois de um fim de semana marcado por flagrantes de tumultos e assaltos na Orla da Zona Sul e em pontos de ônibus da região,o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse na manhã desta segunda-feira (21), em entrevista à CBN, que a polícia está “constrangida” para agir para coibir jovens que praticam arrastões nas praias. Há dez dias, depois de uma ação movida pela Defensoria Pública, a justiça do Rio proibiu que policiais apreendessem menores sem flagrante.
“Se a polícia atua, abusa do poder, se não atua está prevaricando. Conseguiram constranger a polícia”, afirmou o secretário, que disse que vai “trazer" órgãos responsáveis por menores para auxiliar a atuação da polícia no patrulhamento. Ele vai debater o esquema de policiamento da orla em reunião com oficiais no Centro do Rio na tarde desta segunda. Ele anunciou a volta da abordagem em ônibus.
"[Durante a abordagem] não está em questão a questão racial, ou se ela [a pessoa abordada] vai cometer um delito. A palavra que fundamenta a abordagem da polícia chama-se vulnerabilidade. Eu pergunto para essas pessoas: como que o jovem sai, por exemplo, de Nova Iguaçu, a 30 km da praia, só com a bermuda e sem R$ 1 no bolso para comer, beber pagar um transporte e vai ficar no calorão que está fazendo. Não se trata de ser pobre ou rico, se trata de vulnerabilidade", disse o secretário, cobrando a presença dos pais de jovens envolvidos em delitos.
Beltrame disse ainda que foi cobrado pessoalmente pelos problemas registrados em bairros da Zona Sul durante o fim de semana. "Ontem foram reclamar na minha casa o número de situações de ontem. Respondi que vocês tem que reclamar em outra casa. A polícia não tem que ficar mirando um jovem para ver se ele vai cometer alguma coisa", contou.
"Temos uma infinidade de órgãos para exigir e só um órgão na ponta para executar. Quero trazer os órgãos responsáveis por menores, trazer tudo para esse lugar, para que a gente possa repartir essa responsabilidade", acrescentou.
Beltrame criticou ainda pessoas que "fazem justiça com as próprias mãos" durante situações como as de ontem — moradores de Copacabana relataram espancamento de jovens suspeitos de roubos na região. Ele aproveitou para questionar a revogação do Estatuto do Desarmamento e afirmou que mais pessoas armadas em situações como a de ontem poderia ter gerado um "banho de sangue".
Fonte: G1