Nacional

Gol é multada por cadeirante ter que se arrastar em embarque

A Gol Linhas Aéreas e a Infraero serão multadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em até R$ 230 mil pelo embarque irregular de uma passageira com deficiência física em um voo entre Foz do Iguaçu, no Paraná, e São Paulo. Cabe recurso.

A coordenadora de comunicação Katya Hemelrijk da Silva, que é cadeirante, precisou se arrastar pelas escadas para poder embarcar em dezembro de 2014. Na época, o relato do incidente feito pela cadeirante em uma rede social chamou a atenção dos internautas. A Infraero disse não ter recebido a notificação da Anac.

Em nota, a Gol afirmou tomar as medidas necessárias para evitar que problemas semelhantes voltem a acontecer, mas disse não comentar autos de infração. 

Os 11 autos foram emitidos com base em descumprimentos da Resolução n° 280/2013 da Anac, que dispõe sobre os procedimentos relativos à acessibilidade de passageiros com necessidade de assistência especial no transporte aéreo.

A Infraero poderá pagar até R$ 80 mil em multas relativas a cinco autos. Enquanto a Gol poderá pagar até R$ 150 mil segundo os seis autos emitidos. A Gol e a Infraero terão 20 dias corridos para apresentar defesa, contados a partir do recebimento dos autos. Os valores a pagar, no entanto, serão definidos após análise das defesas.

De acordo com a Infraero, essa resolução determinava, em 2014, que “os procedimentos de embarque e desembarque eram de responsabilidade das empresas aéreas, podendo a Infraero oferecer suporte de infraestrutura quando necessário”.

A partir de 2015, resolução estabelece que a administração do aeroporto ofereça o equipamento para embarque e desembarque de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Em nota, a Infraero afirmou que adquiriu 15 ambulifts para os aeroportos da rede. Uma das unidades entrou em operação no início de 2015 no aeroporto de Foz de Iguaçu..

Constrangimento
Katya Hemelrijk da Silva falou sobre os problemas nos equipamentos stair trac e ambulift – utilizados para o transporte de deficientes até o interior dos aviões- em sua página no Facebook. Segundo ela, no momento do check-in ela escutou dois funcionários dizendo que a stair trac estava desligada. Na época, o aeroporto não contava com um ambulift.

"Na hora de embarcar, a mulher falou que o gerente queria conversar comigo. Ele me deu três alternativas: ou eles me subiam no braço, ou me levavam na própria cadeira, com dois me carregando, ou eu teria que esperar o próximo voo, que daria tempo de carregar o aparelho", contou. Ela então negou as três.

Com mais de 200 fraturas ao longo da vida, Katya optou por se arrastar pela escada por ser o método mais seguro. "Se fosse para alguém me carregar, seria meu marido, mas mesmo assim não é a solução ideal. A escada estava escorregadia com o sereno. E como eu tenho esse problema dos ‘ossos de vidro’, qualquer forma que me peguem, uma forma mais bruta, acaba me machucando", completou.

Na época, Katya afirmou não ter a intenção de ser indenizada, mas de querer uma melhora no atendimento para os deficientes. "Deixei claro desde o começo que não queria nada deles, que dinheiro, passagem de graça, nada resolve o meu problema. O que eu quero é que eles saibam atender, que precisam melhorar a estrutura", contou.

Fonte: G1

Redação

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