Política

Deputados estaduais ganham 69% mais que federais

Foto Andrea Lobo

‘Representantes do povo’ estão, aparentemente, longe de passar qualquer dificuldade que a população encara diariamente. Com mais de 800 servidores comissionados demitidos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, parlamentares aproveitam a ‘economia’ de corte de gastos para aumentar os benefícios oferecidos para cada deputado estadual, tornando o parlamento mato-grossense um dos mais caros do país.

Com base em dados divulgados pelo site Transparência Brasil, cada parlamentar do Estado ganha um total de R$ 250.822,00 entre salários e benefícios, deixando Mato Grosso entre os Estados que mais gasta com deputados, perdendo apenas para Roraima, que tem o custo de R$ 251.160,00 por parlamentar.

Ainda de acordo com o site, este montante calculado ultrapassa os benefícios de um deputado federal. Segundo o Transparência, os benefícios recebidos pelos parlamentares federais varia de R$ 31mil para R$ 108 mil, e de acordo com valores divulgados na mídia nacional, esse valor corresponde a R$ 143,8 mil. Já para os deputados estaduais, além dos benefícios oficiais, há os também não confirmados pela Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, representada pelo presidente Guilherme Maluf (PSDB).

Em tese, políticos que ocupam cargos federais custam um valor acima de um estadual, uma vez que devem se mudar para Brasília para participar das sessões, além de atender questões que envolvem outras cidades do país, para apreciar projetos de lei propostos na Câmara Federal ou Senado. Já um deputado estadual não tem a mesma necessidade de custos, posto que suas funções são ‘mais restritas’ que as dos parlamentares federais.

Após a determinação do presidente da ALMT, em aprovar o aumento da verba indenizatória de R$ 35 mil para R$ 65 mil, o que corresponde a 85% de aumento, com a garantia de que os gastos seriam mais ‘centralizados’, muita polêmica foi gerada e entre elas está a criação de outros decretos que autorizam mais disponibilidade de verba aos parlamentares.

Dentro do montante calculado, conforme publicado em decretos da Assembleia, além dos R$ 65 mil, está o salário de R$ 25,5 mil de cada deputado, R$ 70 mil em contratações e R$ 6 mil em verba de gabinete. Também consta uma média de R$ 10 mil em combustível e R$ 10 mil em passagens aéreas (valor que pode variar com a quantidade de horas-voo).

Parte deste valor, como as passagens aéreas, segundo o próprio presidente, seria contabilizada dentro na verba indenizatória de R$ 65 mil. No entanto, com a ‘mudança de planos’, a Mesa Diretora preferiu acrescentar mais valores aos parlamentares, o que diminui ainda mais os investimentos em outros setores do Estado.

Além das viagens, outros gastos que deveriam ser feitos dentro da verba indenizatória são realizados fora dela. Segundo uma fonte, a impressão de papéis, por exemplo, deveria fazer parte do ‘pacote’, no entanto parlamentares preferem consultar o almoxarifado da Assembleia para confeccionar os materiais de que necessitam.

Ao todo, foi contabilizado ao menos R$ 1,56 milhão gastos por mês com verbas indenizatórias, conforme o decreto publicado no mês de abril. E estes valores não param por aí. Conforme divulgado na edição 537 do Circuito Mato Grosso, fontes revelaram que cada deputado tem cerca de R$ 15 mil disponíveis para o gasto de mídia. Montante negado pelo presidente tucano, que revelou que estes gastos são somados em apenas um orçamento. No entanto Maluf admitiu que aceita ‘sugestões’ de como gastar.

Cerca de R$ 12 mil seriam de investimentos em fundo de aposentadoria para cada um dos deputados e outros R$ 100 mil, que serviriam para cargos comissionados indicados pelos deputados para cada gabinete. Ambos os benefícios foram igualmente negados pela presidência da Casa.

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Noelisa Andreola

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