Cidades

Cobrança de pedágio nas estradas estaduais gera discussões

Com estradas esburacadas, bueiros entupidos e falta de logística nas estradas federais, a União decidiu implantar o sistema de terceirização das rodovias de Mato Grosso, seguindo os mesmos moldes de outras regiões do país, com a cobrança de pedágios. No entanto, esta nova medida pode atingir diretamente o bolso dos motoristas que circulam nestas localidades.

Uma das principais rodovias do Estado, a BR-163, está em processo para que este critério seja colocado em prática nos próximos meses. Obras de duplicação estão sendo executadas nos 855 quilômetros firmados com a concessionária Rota do Oeste, empresa da holding Odebrecht. No total desta quilometragem, 470 estão sob responsabilidade da empresa, enquanto 375 são efetuados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit).

O que poucos sabem é que a partir do momento que 10% da duplicação dos 470 km ( 47 km) estiverem finalizados, a empresa tem toda a liberdade de cobrar pedágio dos motoristas que circularem durante todo trajeto de rodovia.

Para o diretor executivo da Associação dos Transportadores de Cargas de Mato Grosso (ATC), Miguel Mendes, mesmo que seja algo que depende do pagamento de cada usuário, é positivo para as estradas do Estado.

“Os motoristas sofreram por muitos anos com a falta de estrutura da rodovia, por isso achamos que o pedágio é bom. Infelizmente as estradas na mão do poder público são um desastre, com a malha viária intrafegável, cheia de buracos, acidentes, prejuízos incalculáveis a todos que trafegam nestas estradas”.

Entretanto, apesar de ver com bons olhos a cobrança de pedágio que resulta em bons serviços nas estradas, ele acredita que haverá problemas com os usuários no trecho de 375 quilômetros que ficou sob responsabilidade do governo federal. Mendes analisa que com a morosidade das obras de duplicação, pode haver descontentamento de boa parte dos motoristas.

“Se houver a cobrança de pedágio e as obras estiverem do jeito que estão, totalmente lentas ou até paralisadas, vai haver descontentamento geral. O motorista não vai aceitar pagar pedágio para depois usufruir os serviços malfeitos de uma estrada inacabada, com falta de sinalização, diferentemente da iniciativa privada, que foi rapidamente construída. Mas um usuário que não sabe dos trâmites das obras com certeza vai reclamar”.

Ele reforçou ainda que a categoria não é contra a privatização desde que os serviços sejam executados devidamente dentro dos prazos estipulados no ato da concessão.

“Vamos acompanhar todo o processo, desde a qualidade das obras até a cobrança do pedágio que, para nós, está dentro do valor aceitável. Acreditamos que fomos contemplados positivamente em comparação com outros Estados”, disse ele referente ao valor de R$ 2,66 por quilômetro nas praças da rodovia.

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Noelisa Andreola

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