Internacional

Militantes do Estado Islâmico ‘sequestram’ rede social polonesa

"Cerca de 60% dos visitantes são de países de língua árabe e isso é atípico para sites na Europa", disse ele à BBC.
Mas desde o início de 2014, alguns dos usuários começaram a apresentar um comportamento estranho. Vídeos e imagens ─ alguns deles muito gráficos ─ passaram a vir da Síria. Aos poucos ficou claro que o site estava sendo usado por militantes do grupo autodenominado "Estado Islâmico" (EI).

O uso das redes sociais para espalhar propaganda do EI e de seus militantes se tornou uma grande preocupação para a comunidade internacional. A atividade do grupo extremista na internet tem recebido atenção especial tanto dos governos quanto de hackers ativistas como o coletivo Anonymous, que promoveu, no mês passado, ataques contra supostas contas controladas pelo Estado Islâmico.

As autoridades britânicas dizem que enquanto tem concentrado seus esforços em grandes sites de redes sociais, os militantes estão focando em redes sociais menores e menos expressivas.

"Estamos vendo novas plataformas sendo criadas e os acompanhamos semanalmente", afirmou à BBC um detetive do Comando Antiterrorismo da Polícia Metropolitana de Londres, a Scotland Yard. "Nós temos tido bons resultados porque verificamos que alguns grupos que caçamos pulam de plataforma a plataforma, e sabemos que nosso trabalho vem surtindo efeito porque eles deixam uma mensagem na rede social em que atuam dizendo que precisam ir para outro local".

"Toda vez que chegamos perto, eles acabam se escondendo de novo", explica o detetive.

Esconder-se de novo significa usar sites como o justpasteit.com. Zurawek diz que, inicialmente, ficou orgulhoso de que mais pessoas da Síria estivessem escolhendo seu site para compartilhar imagens. Mas quando o Estado Islâmico começou a usá-lo, e o conteúdo passou a ficar cada vez mais horripilante ─ incluindo assassinatos e decapitações, ele mudou de ideia.

"Fiquei muito triste quando vi todas essas imagens ─ algumas delas muito gráficas, como decapitações. Pensei que era horrível o que estava acontecendo", diz ele.

"Fiquei pensando se deveria tirar alguns dos conteúdos mais ofensivos do ar", explicou. "Enquanto eu pensava nisso, no dia seguinte a Polícia Metropolitana (de Londres) me ligou pedindo para retirar o conteúdo do ar porque afirmou estar ligado ao Estado Islâmico".

Embora a Polícia Metropolitana não tenha jurisdição sobre a Polônia, Zurawek disse que aceitava as determinações.

"Temos permanecido em contato constante e eles enviam solicitações de remoção de conteúdo regularmente", diz o polonês, que estima ter removido cerca de 2 mil posts relacionados ao terrorismo a pedido da polícia.

Sem governo
"A rede social é uma forma de o Estado Islâmico e de a Al-Qaeda estarem em um espaço sem governo e é tão útil para eles quanto as partes que controlam na Síria, na Somália ou no Iêmen", diz Alberto Fernandéz, que até recentemente coordenava o gabinete de Comunicações de Contraterrorismo Estratégico do Departamento de Estado americano ─ uma unidade que busca localizar militantes islamitas nas redes sociais.
"Tentamos basicamente acompanhar nosso inimigo nesse espaço onde quer que ele esteja", afirmou ele.

No início da semana passada, um site em particular chamou a atenção de toda a imprensa. 5elafabook (pronuncia-se "khelafa-book") ─ uma rede social nos moldes do Facebook cujo nome é uma referência em árabe à palavra "khilafa", ou "califado" – entrou no ar, mas só durou um único dia antes de ser derrubado e ter suas contas de Twitter e Facebook suspensas.

Mas de acordo com o BBC Monitoring, ainda não se sabe se o site foi criado pelo próprio Estado Islâmico – já que o grupo não o promoveu, sugerindo que a rede social pode ter sido criado por militantes de baixo escalão da rede extremista.

Mas há também a possibilidade de que o site tenha sido criado como uma espécie de armadilha para identificar militantes do grupo.
Zurawek, o fundador do justpasteit.com, diz que os problemas que enfrenta demonstram a dificuldade para eliminar conteúdo virtual considerado potencialmente ofensivo.

"Qualquer um pode ser anônimo na internet", diz ele. "Até grandes empresas como Twitter, YouTube e Facebook têm problemas com o Estado Islâmico e não conseguem bloquear todo o seu conteúdo ─ este é o problema com a arquitetura da internet".

Fonte: BBC BRASIL

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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