Cidades

Bar permite que cliente faça a própria bebida

No Brasil há mais de 15 anos, Steffen Ohnemüller nunca teve planos de voltar à Alemanha, onde nasceu, após se aposentar do jornalismo esportivo. Entre as ideias que este alemão de 47 anos teve com a esposa, a engenheira química brasileira Daniela, estavam abrir um quiosque em Copacabana, no Rio de Janeiro, ou uma pousada em Maresias, no litoral norte paulista. "Meu sonho era morar na praia, mas, para esse movimento (o cervejeiro), São Paulo é o maior mercado", conta Steffen, que não se arrepende da decisão.

Quem tirou o casal de uma vida na praia foi a Cervejaria Nacional, que funciona em Pinheiros, na zona oeste de SP, desde 2011. "Achei muito legal. Gostei muito do produto e do conceito desde o primeiro dia que frequentei. Pensei que poderia fazer algo, não igual, mas do mesmo nicho", lembra o jornalista.

Ohnemüller afirma que buscou ideias em bares e pubs de diversos países que visitou ao longo da vida como correspondente, ou como ele próprio diz, "juntar várias pedras para criar um mosaico". O mosaico, no caso, é a Cervejaria Ideal, que ele abriu com Daniela na região da Pompeia, em dezembro passado, e uma dessas pedras, inspirada no bar Hop'n Roll, em Curitiba (PR), foi permitir que o cliente fizesse a própria cerveja.

Propositalmente, a sala para produzir a cerveja dos clientes fica logo na entrada da cervejaria, de forma que é impossível não reparar e se perguntar do que se trata. 

Carlos Kessner é um dos que reparou na pequena sala. "Minha mulher me deu de presente de aniversário", dizia o ortodontista de 57 anos, com o voucher em mãos.

Por R$ 600, Kessner sentou com o mestre cervejeiro Vitor Ribeiro para definir as características de sua receita e acompanhou a etapa inicial do processo, que leva em torno de seis horas (o processo todo leva em torno de um mês), no último sábado.

A previsão é a de que ele retire os 20 litros de sua Red Ale com um teor alcoólico um pouco mais elevado que o normal no próximo mês, tendo a opção de levar as garrafas para casa ou consumir ali mesmo em uma chopeira de nove litros. O que Carlos não poderá fazer é vender a "PivoKessner", como ele a batizou – "pivo", em tcheco, significa cerveja.

Daniela explica que eles não possuem autorização do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para produzir e comercializar cerveja no bar. Os R$ 600 investidos pelo cliente são um aluguel do espaço e do maquinário, e o cliente se compromete a não vender seus rótulos personalizados.

Esta é a segunda brassagem com clientes feitas pela Ideal. A primeira, lembra Vitor, uma IPA produzida no final de janeiro, ficou pronta ontem. "A procura já está começando a ficar maior".

Carlos usará – beberá – os 20 litros a que tem direito para comemorar seu aniversário com os amigos, e já pensa em produzir até duas cervejas por ano com Vitor. Só há uma condição para que isso aconteça: "É, o resultado da primeira precisa ser bom".

Fonte: iG

Redação

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