Um inquérito foi instaurado pela Polícia Federal para apurar os fatos que envolvem a explosão no navio-plataforma Cidade São Mateus, no litoral do Espírito Santo. Conforme divulgado pela PF nesta sexta-feira (13), o prazo inicial para a conclusão do inquérito é de 30 dias. Serão investigados os crimes de homicídio ou incêndio qualificado. Dois dias após o acidente, quatro pessoas continuam desaparecidas.
O navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus é operado pela BW Offshore e afretado pela Petrobras. Uma explosão, na quarta-feira (11), na casa de bombas do navio deixou cinco mortos e 26 feridos. Segundo a ANP, 74 pessoas estavam no navio-plataforma no momento do acidente. Dos feridos, cinco continuam internados no Vitória Apart Hospital e um no Hospital Metropolitano, ambos na Serra, Grande Vitória, de acordo com o boletim divulgado na tarde desta sexta-feira. Os demais trabalhadores foram resgatados e levados para um hotel em Vitória.
Segundo a Polícia Federal, inicialmente, foi solicitado à Petrobras o nome e a qualificação de todos os 74 tripulantes da embarcação, indicando os que foram vítimas da explosão. Enquanto o inquérito não for concluído, a PF informou que não vai dar mais informações sobre o assunto para não atrapalhar ou prejudicar eventuais levantamentos e perícias.
A assessoria da Polícia Federal também informou que uma equipe fará uma inspeção no navio-plataforma assim que as buscas terminarem e a embarcação for liberada.
Mortos
Os corpos dos cinco funcionários que morreram durante a explosão do navio-plataforma chegaram a Vitória na noite desta quinta-feira (12), segundo a Infraero e a BW Offshore. Eles foram transportados por um helicóptero cargueiro e seguiram para o DML da capital. A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) informou que até às 12h desta sexta-feira (13) dois corpos haviam sido identificados, mas ainda aguardavam laudo do DML.
A BW Offshore ainda não divulgou os nomes das vítimas, mas informou que quatro são brasileiros e um é indiano.
Feridos
O Vitória Apart Hospital, na Serra, recebeu 12 feridos. Desses, cinco ainda permanecem internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), de acordo com o boletim de saúde divulgado na tarde desta sexta-feira.
Dos cinco internados, apenas dois continuam na UTI, em estado grave, mas estável. Três pacientes apresentaram melhora significativa e foram transferidos para apartamentos.
Outros dois feridos foram encaminhados para o Hospital Metropolitano, na Serra. A assessoria da BW Offshore informou que um deles recebeu alta na manhã desta quinta-feira. Já o segundo paciente continuava internado no hospital até às 10h desta sexta-feira.
Interdição
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) interditou o navio-plataforma Cidade de São Mateus. A ANP informou ainda que já enviou o auto de interdição à Petrobras, que também foi notificada a apresentar documentos para serem analisados durante a investigação. Apesar disso, as buscas pelos desaparecidos continuam.
Protesto
Petroleiros fizeram uma manifestação, na manhã desta sexta-feira (13), para pedir por mais segurança no trabalho nas plataformas e refinarias. Segundo a Federação Única dos Petroleiros, a média é de 15 mortes por ano, nesse setor. No Espírito Santo, a manifestação foi realizada antes do embarque para as plataformas, no Aeroporto de Vitória.
Os manifestantes são trabalhadores da plataforma P58, que fica no Campo de Jubarte, em Anchieta, e também os da plataforma Cidade de Vitória, a mais próxima da plataforma Cidade de São Mateus, onde aconteceu a explosão. Durante uma hora e meia, participaram de um ato pedindo segurança.
“A gente escolheu o aeroporto porque e o portão de embarque para os plataformistas da Petrobras. Como aconteceu esse acidente aí, em que tem pelo menos cinco vítimas, nós fizemos esse ato para alertar e conscientizar que se alguém tiver uma situação dentro das instalações da plataforma de segurança, é para avisar para o Sindicato, que ele vai tomar as providências cabíveis”, disse Paulo Rony, coordenador do Sindicato dos Petroleiros.
ANP
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) interditou o navio-plataforma nesta sexta-feira e informou que já enviou o auto de interdição à Petrobras, que também foi notificada a apresentar documentos para serem analisados durante a investigação.
A ANP também informou que já foi realizada uma inspeção estrutural na plataforma. A parcela submersa do casco encontra-se íntegra e não há risco de afundar.
De acordo com a Agência, a Petrobras é a responsável por responder pelo acidente no navio-plataforma. Por meio da assessoria de imprensa, a ANP disse que seu relacionamento é com a concessionária, sendo que a responsável pela área é a Petrobras, independente de terceirização. O procedimento é abrir um processo administrativo para investigar a causa do acidente e, se ao final dele houver determinação de multa, ela será aplicada à Petrobras.
No dia 4 de fevereiro, dias antes do acidente, a Agência decidiu, após reunião de diretoria, que a Petrobras deveria apresentar estudos para redução da capacidade ociosa do navio-plataforma até janeiro de 2016. Dessa forma, aumentaria a produção.
De acordo com a ANP, essa é uma condição para que seja aprovado o Plano de Desenvolvimento dos campos de Camarupim e Camarupim Norte (um documento preparado pela concessionária, no caso a Petrobras, e entregue à ANP, contendo o programa de trabalho e respectivo investimento na área da concessão). O G1 procurou a Petrobras e aguarda retorno.
Fonte: G1