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Médicos usam hipnose no tratamento da dor

“Olhe fixamente para este pêndulo. Você está ficando com sono… suas pálpebras estão ficando pesadas e você mergulhará em um sono profundo”. A partir de então, o hipnotizador controlaria a mente do hipnotizado e o faria imitar uma galinha, um cachorro ou outro animal. Essa é a ideia da maioria das pessoas para a hipnose. No entanto, a hipnose clínica moderna está longe de ser parecida com aquela circense, e hoje é uma técnica que auxilia no tratamento de fobias, traumas e também da dor. Sim, especialistas afirmam que, depois de uma sessão de hipnose, é possível reduzir ou até mesmo anular o número de remédios analgésicos.

“A pessoa com dor crônica guarda em sua memória a experiência da dor, o que contribui para que ela volte a senti-la. Com a hipnose, o paciente passa a controlar a intensidade da dor e passa a perceber o alívio. Com o tempo, a memória da dor vai se dissipando e o paciente pode deixar de senti-la”, explica a psicoterapeuta e hipnoterapeuta clínica Vânia Calazans.

Na lista de dores que podem ser tratadas por hipnose estão enxaquecas, cólicas menstruais, fibromialgia, dores provocadas por tumores cancerígenos, queimaduras e procedimentos odontológicos, além de outros desconfortos.

Mexe com o insconsciente da mente

Mas como funciona essa técnica que mexe com a mente das pessoas? O psiquiatra presidente da Sociedade Brasileira de Hipnose Clínica e Dinâmica, Leonard Verea, explica que a hipnose é uma comunicação com o inconsciente da mente, sempre dentro de um processo e situação terapêutica. “Através da hipnose, consegue-se entrar no subconsciente e dar uma série de sugestões que, se a mente aceitar, colocará em prática”, diz ele. “Não é mágica ou mandraca. É um processo terapêutico”, desmistifica.

O neurocirurgião José Oswaldo de Oliveira Junior, do A.C. Camargo, explica que a hipnose pode recrutar a produção de substâncias que o próprio corpo produz naturalmente e que tem ação analgésica. “Tem gente que faz corrida e, a partir de um momento, passa a não sentir mais dor porque teve liberação de substâncias parecidas com a morfina, como a endorfina e outros tipos A hipnose pode fazer isso também, mas sem precisar de uma corrida para ter esse efeito”, diz o médico.

A psicoterapeuta Vânia ainda acrescenta que a sugestão hipnótica pode reduzir a dor pela ativação de um sistema endógeno inibidor da dor, que desce pela medula espinhal, prevenindo a transmissão da informação da dor para o cérebro. “Há necessidade de mais pesquisas para que se chegue a um consenso sobre como esse processo ocorre, mas o fato é que de fato ocorre”, diz ela.

Mas não é para todo mundo

Nem todo mundo responde ao tratamento. Segundo Osmar Colás, professor e coordenador do grupo de estudos de hipnose da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a técnica funciona apenas em cerca de 15% da população. 

No caso da dor, algumas pessoas, pelo nível de tensão que estão vivendo no momento, não conseguem se soltar para imaginar o que o terapeuta sugere. “São pessoas que têm tendência a imaginar só coisas negativas, com dificuldade para as positivas. O propósito do tratamento é ajudar a reverter isso”, explica Verea, que também é especializado em medicina psicossomática e hipnose clínica.

E, mesmo para quem responde ao tratamento, a técnica não dura para sempre. Ou seja, a dor de cabeça voltará depois de um tempo, que sempre varia de pessoa para pessoa.

“Depende muito do quanto o paciente está envolvido no tratamento e é sempre muito importante que ele pratique a auto-hipnose. Com o tempo, ele pode deixar definitivamente de sentir a dor", explica Vânia.

Tratamento do câncer

Em quem funciona, a técnica é tão eficaz que pode permitir uma cirurgia sem anestesia, como a extração de um tumor cancerígeno. Aliás, a hipnose pode ser importante no tratamento da dor oncológica. “Reduz ansiedade, pode reduzir outros sintomas além da dor, como as náuseas e vômitos causados pela quimioterapia”, diz Oliveira Junior. O médico diz que desde 1991 o Hospital A.C. Camargo Cancer Center usa essa técnica para auxiliar pacientes com câncer.

Fonte: iG

Redação

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