A Austrália recebeu críticas de especialistas em saúde e de defensores dos direitos humanos, nesta terça-feira (28), após decretar uma proibição geral de vistos para nações da África Ocidental afetados pelo surto de ebola, tornando-se a primeira nação rica a fechar as portas para a região.O país não registrou qualquer caso de contaminação apesar de uma série de casos suspeitos, e o primeiro-ministro conservador Tony Abbott tem resistido até o momento aos pedidos de envio de profissionais de saúde para combater a doença na África.
A decisão de proibir a entrada de qualquer pessoa de Serra Leoa, Guiné e Libéria, que foi apontada pelo governo como uma precaução necessária, foi considerada por especialistas como politicamente motivada e míope."O governo tem controles firmes para a entrada de pessoas na Austrália sob nosso programa de imigração da África Ocidental", disse o ministro da Imigração, Scott Morrison, ao Parlamento. "Essas medidas incluem a suspensão temporária do nosso programa de imigração, incluindo o nosso programa humanitário para países afetados pelo ebola, e isso significa que não estamos processando qualquer aplicação (de visto) desses países afetados", acrescentou.
O surto de Ebola que começou em março já matou cerca de 5.000 pessoas, a grande maioria na África Ocidental. Os riscos para a Austrália são pequenos devido ao isolamento geográfico do país, de acordo com Adam Kamradt-Scott, professor do Instituto de Doenças Infecciosas e Biossegurança da Universidade de Sydney."Esta é apenas uma decisão puramente política", disse Kamradt-Scott. "Há muito pouca evidência científica ou racionalidade médica para você fazer isso, e este é o tipo de política que encontramos que começa a interferir com medidas eficazes de saúde pública."
EUA fazem recomendação
Nesta segunda-feira (27), o governo americano recomendou quarentena voluntária em casa para pessoas com maior risco de infecção por ebola, e disse que a maioria dos trabalhadores que retornam da África Ocidental será submetida simplesmente a acompanhamento diário sem isolamento.
O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), doutor Thomas Frieden, disse que indivíduos de "alto risco" incluem trabalhadores da saúde que sofrem picada de agulha enquanto cuidam de um paciente com ebola ou que atendem algum paciente sem equipamentos de proteção.
Sob as novas diretrizes que determinam quatro categorias de risco, a maioria dos profissionais de saúde que retornam da área afetada pela doença na África Ocidental seria considerada de "algum risco", enquanto outros que atendem pacientes em instalações norte-americanas, de "baixo risco".
G1