Governador eleito, Pedro Taques evita falar em devassa no Governo Silval. Estuda reduzir secretarias, que sob hipótese alguma serão loteadas entre partidos. E avisa: "Se cumprir a lei é uma vingança, aí então vocês podem dizer que sou um vingador".
Governador eleito, Pedro Taques evita falar em devassa no Governo Silval. Estuda reduzir secretarias, que sob hipótese alguma serão loteadas entre partidos. E avisa: “Se cumprir a lei é uma vingança, aí então vocês podem dizer que sou um vingador”.
Poucos minutos antes de sua primeira entrevista coletiva, que aconteceu na terça-feira (7), o governador eleito Pedro Taques (PDT) definiu o prefeito afastado de Lucas do Rio Verde, o empresário Otaviano Pivetta (PDT) como o encarregado de coordenar a equipe de transição entre o atual governo de Silval Barbosa (PMDB) e a nova administração que Taques comandará a partir de 1º de janeiro de 2015.
Pivetta vai prorrogar, assim, seu afastamento da Prefeitura de Lucas do Rio Verde – e já programou uma visita conjunta com Taques ao município para justificar, junto àquela comunidade, essa nova tarefa. Também durante a coletiva, a esposa de Taques, Samira Martins, muito presente na campanha, anunciou que não pretende assumir qualquer função pública. Continuará aparecendo apenas como esposa e voluntária.
De imediato, tanto Pedro Taques quanto Pivetta garantiram que não há nenhuma preocupação em fazer uma devassa na administração Silval, mas, sim, em levantar números e dados que permitam um melhor planejamento das primeiras ações do novo governo. Pivetta batizou o período que irá deste mês de outubro até o início da nova administração como Período de Aceleração das Atitudes – tempo para uma possível definição de novas práticas e novos costumes na intrincada máquina pública estadual.
O objetivo, segundo Pivetta, que assume como uma espécie de copiloto, nessa fase preliminar, é obter clareza quanto às tarefas e desafios que têm pela frente. Uma definição programática, todavia, já está firmada: não haverá loteamento de cargos.
“Ainda não sei quem vai trabalhar comigo na transição. Como disse, fui convidado há pouco e aceitei. Sobre os rumos, posso confirmar uma coisa, pelo que conheço do Pedro: a formação do secretariado, que é a grande curiosidade dos jornalistas, será feita sem entregar as secretarias a partidos políticos e a deputados. Respeito os deputados, mas função de deputado é legislar e fiscalizar o Executivo e não ordenar despesas”.
Festa política
Ao invés de uma simples coletiva, o governador eleito Pedro Taques organizou uma pequena festa política, em seu comitê central, no bairro Quilombo, em Cuiabá, com direito a chá com bolo, para falar das primeiras providências que adotará depois de vencer a eleição, consagrado pelos 833.788 votos que recebeu dos mato-grossenses.
Taques conversou com os jornalistas cercado por deputados federais e estaduais eleitos, por presidentes de partido, coordenadores e vários militantes de sua campanha, vindos de diversas regiões do Estado. Com a sala atulhada, o calor chegou a ser insuportável, provocando uma piada de Otaviano Pivetta: “Aqui ninguém precisa de agasalho”. O mesmo Pivetta argumentava que uma das mudanças que Taques fará no Estado será acabar com as escolas sem refrigeração, que chamou de “escolas de derreter crianças”.
Taques se derramou em elogios nominais a todos que o ajudaram a vencer, todos recebidos sob muitos aplausos. Houve um lamento geral pela derrota de Rogério Salles (PSDB), que perdeu a disputa ao Senado para Wellington Fagundes (PR).
“Obrigado e parabéns a todos. Mas a campanha eleitoral ficou para trás. A partir de agora, passamos a trabalhar pelo desenvolvimento do Estado. Esta é a missão que recebemos” – disse Pedro Taques.
O novo governador deixou bem claro que a definição daqueles que comandarão as secretarias de Estado, em seu governo, é uma atribuição bem enfeixada em suas mãos. “Ninguém, além de mim, está autorizado a falar de secretariado”, afirmou. A proposta de fusão de secretarias é uma das que já está sendo cogitada. Elas podem ser reduzidas de 23 para 16.
Tanto que, depois que o vice-governador negou qualquer pretensão de ocupar uma secretaria na futura administração, Taques rebateu que Carlos Fávaro é um profissional qualificado e terá atuação de destaque. “Nada está definido. Vamos conversar mais adiante” – o que abre a possibilidade de que o vice possa, efetivamente, ser levado a rever o posicionamento verbalizado e atuar como secretário de Estado. No comando da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, por exemplo, como o próprio governador cogitou, em encontro com trabalhadores da Empaer, poucos dias antes da eleição.