Apesar da captação de água da reserva técnica das represas Jaguari-Jacareí e Atibainha em maio deste ano, o Sistema Cantareira atingiu o índice de 8,2% neste sábado (20), o mais baixo da história, segundo medição da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Nesta sexta-feira (19), o índice da represa estava em 8,4%.A Sabesp considera o nível do Sistema Cantareira pelo volume útil mais a reserva técnica (volume morto) das represas Jaguari/Jacareí e Atibainha. O Cantareira abastece, atualmente, cerca de 6,5 milhões de pessoas só na Grande São Paulo.
A Sabesp admite que a situação é crítica por causa da falta de chuva, mas diz que tem adotado medidas para o problema, como interligação dos sistemas, redução de perdas na distribuição, uso do volume morto e bonificação aos moradores que economizarem água.De acordo com a companhia, a queda dos reservatórios que atendem a Região Metropolitana é resultado da falta de chuva no último verão, o mais seco dos últimos 84 anos, época em que começaram as medições, e as temperaturas que permaneceram altas mesmo durante o inverno.
Nesta sexta (19), a Agência Nacional de Águas (ANA) propôs o fim do grupo técnico formado por órgãos reguladores para auxiliar o governo paulista em sua gestão do Sistema Cantareira. Em ofício, a ANA também comunicou sua saída do grupo por discordar da postura da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos sobre os limites adotados para captação de água e abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo.O Grupo Técnico de Assessoramento para a Gestão do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira) foi criado em fevereiro para discutir alternativas à crise hídrica que causou queda no nível dos reservatórios.
Decisão ANA
O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, afirmou em ofício enviado à superintendência do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) que o secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, tem negado acordo à proposta de novos limites de retirada de água do Cantareira para a Região Metropolitana de São Paulo.Na quinta-feira (18), a agência já havia divulgado alerta sobre a demora do governo em convocar nova reunião do GTAG para concluir a análise da proposta apresentada em reunião em 21 de agosto, e acordada pessoalmente entre Arce e Andreu, de reduzir as vazões de captação.
Desde o fim do mês passado, o G1 tem solicitado informações sobre as discussões da reunião do grupo, mas os detalhes não foram informados pela Secretaria de Recursos Hídricos e o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE)O departamento informou, em nota, que não comentará a saída da ANA e a proposta de encerramento do grupo porque cabe à Secretaria de Recursos Hídricos falar sobre questões relacionadas ao GTAG. A pasta foi procurada, mas não se manifestou até as 19h15 desta sexta-feira.
Redução na captação
A ANA propôs, em reunião do GTAG em 21 de agosto, redução da retirada de para 18,1 metros cúbicos por segundo de água do Cantareira a partir de 1º de outubro e para 17,1 metros cúbicos por segundo a partir de 1º de novembro.Segundo a agência, o governo afirmou que a diminuição nas captações estaria sendo compensada por transferências de vazões em outros sistemas operados pela Sabesp. A indefinição, de acordo com a ANA, dificulta o ajuste necessário entre as disponibilidades e demandas por água nas regiões atendidas pelo Cantareira.
G1